As fintechs estão usando mais recursos de inteligência artificial (IA) para desenvolver novos serviços, como análise de imóveis para garantia de crédito, recomendações de gastos e adiantamento de salários. Estudo divulgado este ano pela empresa de inovação Distrito indica que o Brasil tem 75 startups financeiras com soluções de IA ou o equivalente a 7,3% de uma base de 1.021 companhias mapeadas. A maioria (63%) usa a tecnologia em negócios B2B (entre empresas).
É o caso da Olivia AI, Inc., que oferece serviços financeiros baseados em IA e aprendizado de máquina para mais de um milhão de usuários. Fundada em 2016, mantém uma assistente virtual chamada Olivia, que organiza contas e dá orientação sobre despesas, e uma plataforma B2B conhecida como Bob que permite o compartilhamento de dados dos correntistas com outras instituições, por meio do open banking.
A estimativa da empresa é encerrar o ano com três milhões de contas conectadas, afirma Lucas Moraes, cofundador da Olivia. Na prática, as novas tecnologias avisam os usuários sobre dias de pagamentos, orientam a não entrar no cheque especial ou a fazer uma compra recorrente em local com melhor preço. “Já ajudamos um cliente a perceber que tinha um vazamento em casa por causa da mudança do valor da conta de água.”
Sem revelar o faturamento em 2020, Moraes diz que os negócios aumentaram mais de 500%, entre janeiro e dezembro. A expectativa para 2021 é dobrar a receita, por conta do avanço dos serviços de open banking, da ampliação da base de usuários e pela evolução da tecnologia de IA, com a entrada de novos dados que devem ajudar na maior exatidão das recomendações financeiras.
A Olivia tem parcerias com a Credicard na área de dicas de gastos para os usuários, enquanto no Banco BV a tecnologia da assistente financeira foi rebatizada como o robô “Bevê”, que roda no aplicativo de cartões da instituição. Na XP, que investiu na empresa, será a base para uma nova ferramenta de investimentos pessoais, segundo Moraes. Em 2019, a Olivia levantou US$ 5,5 milhões em rodada de investimentos, com o BV e fundo brasileiro BR Startup.
Nicholas Reise, CEO e cofundador da Xerpa, startup que oferece soluções de salário sob demanda e adiantamento do 13º para empresas, diz que a IA ajuda a identificar a melhor forma de alocar os ganhos dos usuários, sem atrapalhar a organização financeira. “Criamos uma estrutura de transferências que permite enviar o salário aos colaboradores da forma mais rápida possível, utilizando o Pix”, diz Reise, ex-executivo do Citigroup.
Em operação desde 2015, a Xerpa tem 30 empresas cadastradas, com 65 mil funcionários que podem ter acesso ao app da marca, o Xerpay. A carteira inclui a Ambev, Rapp i e Nivea. Em 2020, R$ 10 milhões foram antecipados pelos colaboradores, com um aumento de 11 vezes no número de adiantamentos salariais processados ante o ano anterior, diz Reise, que não revela números de faturamento.
A fintech testa um novo produto de pagamentos em que o colaborador pode quitar contas recorrentes, descontando o valor em folha. Em 2019, recebeu um aporte de US$ 13 milhões da firma de capital de risco especializada em mercados emergentes Vostok Emerging Finance e do americano Founders Fund.
Na Acordo Certo, de renegocição on-line de dívidas, os conceitos de IA e aprendizagem de máquina são explorados para escolher o melhor momento de acionar potenciais clientes. “Conseguimos identificar a probabilidade de ocorrer um cadastro, um acordo ou um pagamento total”, diz o CEO Dilson de Sá.
Fundada em 2015 e adquirida no fim de 2020 por um valor inicial de R$ 37 milhões pelo birô de crédito Boa Vista, a fintech tem 27 empresas parceiras, entre bancos e grupos de telefonia, como Itaú e Claro, e uma base de mais de 17 milhões de usuários cadastrados. No primeiro trimestre de 2021, registrou um aumento de 12% na quantidade de novos cadastros (mais de 2,6 milhões), ante o último trimestre de 2020.
Atualizado em 30 de abril, 2021 
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