"Para competir hoje no varejo é preciso ter escala. Há
mais exigências regulatórias e de controles internos para as corretoras. Para
se ter boas margens, é preciso ter quantidade de clientes relevantes. Nós já
temos escala e somos consolidadores", afirma Gabriel Leal, diretor de
distribuição da XP. Segundo o executivo, nos próximos meses a XP deverá
anunciar mais "uma ou duas" aquisições.
A compra da carteira de varejo da UM é a primeira este ano. No ano passado, a
XP levou a Clear e nos anos anteriores havia adquirido Prime (2012), Senso (2011)
e Interfloat (2011), além de Manchester e Americainvest (2007). Depois de
tantas aquisições, a XP consegue se beneficiar de sinergias e oferecer bom
atendimento ao cliente, na avaliação de Leal.
Com a venda da carteira pessoa física, a UM vai continuar operando apenas no
atendimento do investidor institucional, voltando às origens de quando se
chamava Umuarama, fundada em 1969. A BM&FBovespa chegou a prever 5 milhões
de pessoas físicas ativas investindo na bolsa, quando tinha 500 mil
cadastrados. Mas, desde que a previsão foi feita, o número de investidores caiu
em vez de crescer.
Algumas corretoras, como a UM, fizeram investimentos para atender esse crescimento,
que não veio. "Decidimos então sair do varejo, pois ficou difícil
continuar investindo nesse mercado com o tamanho da base que nós temos", afirma
Fernando Opitz, um dos principais acionistas da UM. A investida no varejo foi
feita pela corretora há oito anos. Se a volta às origens vai fazer com que a
operação tenha um retorno mais positivo, Opitz prefere não responder.
"Você vai ter de me fazer essa pergunta daqui a um ano", diz. "A
expectativa é que a UM volte a ser
muito ativa no mercado, com uma operação mais enxuta", diz.
Na transição, nos primeiros três meses, será formado um comitê com executivos
da XP e da UM para fazer a migração dos clientes. Após esse período a UM
encerrará a operação de varejo. Ontem, a parceria foi apresentada em evento no
Rio para os agentes autônomos da UM, que atendem 100% dos clientes de varejo da
corretora. Na prática, são esses agentes que vão fazer a migração dos clientes.
"A XP está se consolidando como a corretora mais ativa no setor de varejo,
pois ela tem escala. Escolhemos a XP com muito cuidado porque entendemos que
ela vai dar o melhor atendimento a nossos clientes. Todos os clientes terão na
XP no mínimo o que já têm aqui. Vamos criar as melhores condições para que
façam a migração com conforto", afirma Opitz.
Leal, da XP, afirma que a casa conseguiu escala e melhorar os serviços
prestados aos clientes quando deixou de focar o segmento de ações e transformouse
num shopping financeiro, em 2010. A tese da casa é de "desbancarização".
"Buscamos convencer as pessoas a enxergar as corretoras como uma casa de
investimentos onde elas terão acesso a produtos de todo o mercado e não apenas
daquele banco onde tem conta", afirma. Hoje, o negócio de intermediação de
ações representa 40% das receitas da XP. O restante está diversificado em
outros produtos.
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