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Volpon defende ação contundente e tempestiva contra inflação

04/12/2015 às 10h40


Dissidente na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Tony Volpon, deixou mais claro os motivos que o levaram a votar por uma alta de 0,50 ponto percentual na Selic no encontro da semana passada. Para o diretor, uma resposta "contundente e tempestiva" seria a melhor forma de retomar o processo de reancoragem das expectativas inflacionárias e de disciplinar o processo de formação de preços.


"O controle efetivo da inflação é uma condição necessária para a recuperação do crescimento econômico sustentável", disse Volpon, em evento fechado promovido pelo J.P. Morgan no Brasil nesta quinta-feira.


Seu discurso foi disponibilizado pelo BC, mas com a ressalva de que as opiniões são do diretor e não necessariamente da autoridade monetária.


Volpon fez uma longa avaliação sobre o processo de ajuste da economia brasileira e rechaçou "veementemente" as hipóteses de perda de eficácia da política monetária e a suposta falta de disposição do BC em cumprir com sua missão de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda. O diretor também atacou os defensores da hipótese de que o país enfrenta um quadro de dominância fiscal e aqueles que parecem desprezar o ajuste da demanda agregada e dos preços relativos.


"Venho aqui rechaçar, veementemente, qualquer hipótese de perda de eficácia da política monetária e de uma suposta falta de disposição do Banco Central em cumprir sua missão primordial de assegurar a estabilidade do poder de compra da nossa moeda", disse.


Sobre a dominância fiscal, Volpon disse que essa tese "visa roubar à política monetária sua potência e fazer crer que o nosso país está fadado a anos de descontrole nominal" e que ela é defendida por aqueles "que acreditam na total incapacidade do país de fazer um ajuste fiscal minimamente convincente".


Para o diretor, ao dar uma resposta firme à inflação e levando em conta os efeitos da readequação da demanda agregada e do reequilíbrio nos preços relativos já em curso, "devemos experimentar, ainda em 2016, uma importante desinflação".


Volpon também demonstrou preocupação com o comportamento dos preços nos últimos meses ao apontar que a superação do nível de 10% ao ano tem uma carga simbólica "que não deveríamos ignorar", dado o potencial de incentivar a indexação de preços.


Segundo o diretor, mesmo com a perda de dinamismo da economia, a inflação continua elevada em função da continuidade de diversos choques de oferta, sendo alguns deles, "fruto das incertezas fiscais".


Para Volpon, muitos analistas estão ignorando os avanços já registrados tanto no realinhamento dos preços relativos quanto no ajuste da demanda agregada, que ocorre mesmo na ausência de um robusto ajuste fiscal. O impacto na demanda se dá por canais endógenos e compensatórios, como o ajuste da taxa de câmbio, visto pelo diretor como o mais relevante e que afeta a riqueza da população, e pela alta nas taxas de juros de mercado, que representa um aperto nas condições financeiras.


"Assim, eu acredito que, apesar de não ser pelo caminho que eu julgo ser o mais eficiente, as mudanças de preços de mercado têm contribuído para o ajuste da demanda agregada, apesar das dificuldades que temos na composição e no tamanho do ajuste fiscal até este momento", disse.



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