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Tombini, agora tempestivo e sem cautela

17/05/2013 às 10h51

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Tombini, agora tempestivo e sem cautela

Por Alex Ribeiro, Diogo Martins e Luciana Bruno | Do Rio 17/05/2013 às 00h00

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Tombini, do BC, troca palavra "cautela" por "vigilante" e "tempestivo" e muda percepção do mercado sobre próximo passo do Copom

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse ontem que a instituição está "vigilante" e que fará o necessário e com a devida tempestividade para fazer a inflação cair no segundo semestre, numa mensagem elaborada com palavras associadas pelo mercado financeiro com uma possível intensificação no ritmo de alta de juros.

Em discurso feito na abertura do Seminário Anual de Metas para a Inflação do Banco Central, no Rio, Tombini também deixou de usar, pela primeira vez neste ciclo de aperto monetário, a palavra "cautela", que vinha sendo interpretada como senha de uma alta mais moderada de juros.

"Neste momento, quero lembrar mais uma vez que o Banco Central está vigilante e fará o que for necessário, com a devida tempestividade, para colocar a inflação em declínio no segundo semestre e para assegurar que essa tendência persista no próximo ano", afirmou Tombini.

Em abril, o BC deu início a um ciclo de aperto monetário, com uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, que subiu de 7,25% para 7,5% ao ano. Desde então, o mercado financeiro busca pistas do que será o próximo passo do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião que ocorre em duas semanas. As duas principais hipóteses são uma alta de 0,25 ponto percentual ou um aumento de 0,5 ponto percentual.

Tombini voltou a enfatizar ontem, no seu discurso, que a comunicação é parte integrante do processo de aperto monetário. Nele, analistas têm identificado algumas palavras chaves. A expressão "vigilante" é associada com um ritmo de aperto monetário mais intenso, de 0,5 ponto percentual, enquanto que "cautela" é interpretada como um ritmo menos intenso.

Já a palavra "tempestividade", junto com a indicação feita por Tombini de que deseja fazer a inflação cair no segundo semestre, esvazia um pouco a interpretação que muitos analistas deram à última ata do Copom, de abril, de que o trabalho de aperto monetário para conter a alta de preços na economia seria conduzido de forma mais gradual, visando apenas o cumprimento da meta de 2014.

A fala de Tombini sustentou uma sessão de alta nos juros projetados nos contratos de DI na BM&F. Os ajustes levaram o mercado futuro a projetar aposta majoritária no aumento da Selic em 0,5 ponto percentual. O DI de janeiro de 2014, por exemplo, apontou taxa de 8,07% ante 7,97% da véspera.

Tombini deu indicações, em alguns momentos, de que tem menos dúvidas de que a atividade está se recuperando - a debilidade da economia seria um dos principais argumentos para uma alta menos intensa dos juros.

"No primeiro trimestre, a economia cresceu em ritmo mais intenso do que no último trimestre de 2012 e projeções indicam crescimento em 2013 ao redor de 3%", disse Tombini. "Nesse contexto, então, este ano a recuperação tende a se consolidar e as perspectivas para os próximos anos indicam sustentabilidade desse processo."

Depois do discurso, Tombini manteve o tom mais conservador de combate à inflação, durante entrevista a jornalistas. "O Banco Central vai continuar combatendo a inflação. A inflação nos próximos meses vai cair, vai ser menor do que foi nos primeiros quatro meses", disse Tombini. "O BC vai consolidar uma inflação mais baixa neste e no próximo ano. Então, já subiu o juros em abril e vai continuar trabalhando nesse sentido."

Tombini observou, por outro lado, que a inflação no atacado está caindo e chegará ao "nível do consumidor" entre os meses de maio, junho e julho. "Nós próximos três meses teremos uma inflação mais baixa, refletindo, inclusive, a queda nos preços dos alimentos [que ocorre no atacado]", disse.

Em relação ao crescimento de 1,05% no primeiro trimestre do Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), divulgado ontem, uma prévia do PIB, Tombini afirmou que a taxa, anualizada, mostra um avanço de 4,25%. "É isso. Está compatível com a nossa projeção de crescimento do ano, de 3,1%.".

Tombini voltou a afirmar que espera um aumento no déficit externo do país, na medida em que será necessário atrair poupança estrangeira para financiar investimentos. "A evidência indica que o capital se desloca para as regiões com melhores perspectivas de crescimento, onde a taxa esperada de retorno é mais elevada", disse. "Como contrapartida, poderá ocorrer um eventual aumento temporário do déficit em transações correntes, o que deve ser visto como decorrência imediata e esperada de um ciclo de expansão do investimento."

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