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Tomada de crédito exige estratégia

28/02/2007 às 23h05

Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Solange Guimarães

Previsão de queda de até 10% na taxa do financiamento sugere adiar sonhos de consumo. O cenário de manutenção da queda das taxas de juros e a grande competição do setor bancário pelo cliente interessado em empréstimo vão pesar a favor do cliente que puder esperar um pouco para fazer o financiamento da casa ou do carro. Por mais que as campanhas das instituições sejam convidativas à realização dos sonhos o quanto antes, os especialistas orientam que, assim como nos investimentos mais arriscados, tomar um empréstimo hoje exige estudo, cautela e nervos de aço.
"Um financiamento imobiliário há seis meses estava com taxa de juros de 21% e agora, no mesmo banco, a taxa é de 14%. São sete pontos percentuais a menos e a tendência é cair ainda mais", informa o economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac). Ele ressalta que quem tem um financiamento em andamento não se beneficia da redução dos juros, pois o índice contratado valerá até o final. Por isso, é melhor fazer o financiamento já com uma taxa baixa.
O presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), Erico Sodré Ferreira, avisa porém que a expectativa da entidade é de que nos próximos 12 meses a taxa caia em torno de 5% a 10%. "Não será mais que isso", prevê.
Para quem não puder ou não quiser mesmo esperar, o conselho de Ribeiro de Oliveira é pesquisar bem as taxas e financiar no menor prazo possível. Mas uma pesquisa encomendada pela Acrefi para InSearch Tendências e Estudos de Mercado mostra que a maioria das pessoas com crédito em andamento ainda tem mais de 12 prestações pela frente antes da quitação. "Neste caso, o melhor é tentar antecipar o pagamento o máximo possível e exigir o devido desconto", diz Ribeiro de Oliveira.
Segundo o economista, é melhor tirar o dinheiro da aplicação e quitar o financiamento porque o rendimento da maioria dos investimentos costuma ser menor que o juro do financiamento. Se o investimento estiver com ganhos maiores, o ideal é sacar apenas o rendimento e ir abatendo a dívida aos poucos.
Quarentões
O levantamento da Acrefi - feito entre os habitantes da região metropolitana de São Paulo - identifica que, apesar do grande apelo do crédito consignado para a baixa renda, os mais ricos são os maiores tomadores de crédito. E os homens, principalmente na faixa entre 41 e 50 anos, são a maioria entre os que tem algum empréstimo junto a banco ou instituição financeira.
"Fizemos esta pesquisa para identificar de forma isenta a percepção do mercado. Ela será de grande valia para que possamos nos posicionar e tomarmos decisões estratégicas", diz Ferreira.
Entre as constatações mais relevantes do estudo está a participação pequena, porém significativa, da mulher como tomadora de crédito.
Cerca de 17% das entrevistadas disseram ter algum tipo de empréstimo em seu nome. "A tendência é o crescimento, diante do avanço da participação da mulher no mercado de trabalho e na vida contemporânea", avalia o presidente da Acrefi.
A taxa de mulheres que pretendem quitar seus financiamentos em menos de seis meses é de 28% enquanto apenas 20% dos homens trabalham com esta meta. Assim sendo, elas ficarão livres de seus contratos primeiro e poderão realizar outros sonhos de consumo que, segundo a pesquisa, também já estão definidos. A maioria das mulheres, 22%, planeja obter empréstimo para reforma de imóvel, enquanto 38% dos homens pretendem financiar um veículo.
O planejamento do crédito também difere por faixa etária. Os mais jovens querem financiar a casa, os quarentões procuram por crédito pessoal e os acima de 50 pensam em parcelar a compra do carro.

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