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Sergio Kulikovsky: Cartões pré-pagos ganham força com a restrição do crédito

"O pré-pago torna-se a alternativa mais viável, já que não exige comprovação de renda e que permite um controle das despesas"

Fonte: DIARIO DE PERNAMBUCO - 17/05/2016 às 10h05

A tese do crescimento do uso de cartões pré-pagos em tempos de crise foi comprovada pela primeira vez na crise de 2008/2009 nos Estados Unidos. Foi quando a GreenDot se notabilizou como a primeira emissora de pré-pagos do mundo a abrir seu capital na Bolsa com uma oferta inicial de ações (IPO) de US$ 2 bilhões. 

 

Mais uma vez a tendência se confirma, dessa vez aqui mesmo no Brasil, que atravessa um ciclo econômico negativo sem prazo para acabar. Segundo pesquisas da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), cerca de 1,9 milhões de famílias estão endividadas. Isso é reflexo do aumento do desemprego, queda na renda dos trabalhadores, inflação elevada, crescimento dos juros e da redução do crédito disponível. Com esse acesso restrito, as famílias de menor renda acabam recorrendo ao crédito rotativo do cartão de crédito - que é pontuado como o principal agente de endividamento, responsável por cerca de 72% das dívidas ativas. 

 

O momento é delicado para ambos os lados - os clientes estão inseguros e as instituições financeiras desconfiadas do potencial de pagamento dos mesmos. Para os desbancarizados - que somam 55 milhões de brasileiros adultos e que movimentam R$ 655 bilhões por ano, segundo dados do IBGE, em relação à 2014 -, o pré-pago torna-se a alternativa mais viável e segura, já que é instrumento que não exige comprovação de renda e que permite um controle mais assertivo das despesas, pois só é possível gastar o saldo que foi carregado no mesmo.  


De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), mesmo sem haver dados consolidados do setor, o mercado de pré-pagos está em grande desenvolvimento, não apenas pelos motivos expostos acima, mas também como ferramenta de branding, já que pode ser customizado para atender a diversos nichos, desde times de futebol a franquias de games e animes.

 

Com o pré-pago, as pessoas passam a ter acesso às compras online, mesmo sem o cartão de crédito e ganham segurança, pois não precisam andar com dinheiro no bolso. Basicamente, ele atende a quatro dos principais segmentos do mercado: o modelo de uso geral recarregável, cuja utilização pode ser para mesada dos filhos, verbas para trabalhadores domésticos e pagamentos de salários, por exemplo; ordens de pagamento; incentivos corporativos; e cartões para viagens internacionais.

 

Trata-se de um produto pró-cliente, já que ele nunca fica negativo e pode ter certeza que não terá sustos ao final do mês. Não é por outro motivo que, segundo a Euromonitor, os pré-pagos devem alcançar, em quantidade de transações, R$ 98,7 milhões até 2017. Já em volume financeiro, o valor já passou de R$ 58,5 bilhões em 2010 para R$ 106 bilhões em 2015, e a estimativa é atingir R$ 117 bilhões em 2017.

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