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Saiba o que pressiona a inflação e entenda a tendência para os preços

23/11/2015 às 11h52

Economistas já preveem que a inflação ultrapassará os 10% em 2015. Ao olhar de perto o IPCA, o índice oficial, no entanto, é possível enxergar tendências bastante distintas -e entendê-las requer maior compreensão da economia.

ALIMENTOS, ENERGIA E GASOLINA

Em 2015, ficou difícil competir com o aumento nos preços administrados. Controlados pelo governo, eles não seguem necessariamente as regras de oferta e demanda que regem o mercado. Nos últimos anos, por exemplo, os reajustes naturais do preço da gasolina foram contidos para não pesar no bolso do consumidor.

Agora, com a crise no governo e na Petrobras, já não é possível segurar os custos. E os preços subiram 17,93% nos últimos 12 meses.

A mesma tendência é vista nos custos da energia elétrica, cujo aumento foi de 52,30%. "Os preços que mais aumentaram neste ano foram definitivamente os administrados. Eles são responsáveis por cerca de 50% da alta da inflação neste ano -e metade disso é energia", afirma André Chagas, professor da FEA-USP.

A inflação de alimentos, por sua vez, é um vilão tradicional em momentos de alta de preços -e pesa mais para as classes mais baixas.

Além de serem afetados por fatores sazonais, alguns itens, como produtos industrializados, têm subido pela redução da concorrência com produtos importados. Com a alta do dólar, a presença deles nas prateleiras diminui, abrindo espaço para a alta nos preços nacionais.

SERVIÇOS

O setor de serviços deverá encolher pela primeira vez em 20 anos, mas os preços médios cobrados pelos profissionais continuam subindo com força.

O motivo da resistência é a dificuldade de substituição, além da conveniência de continuar com o profissional conhecido e cuja qualidade já foi aprovada.

É o caso da categoria serviços pessoais, em que se encaixam costureira, manicure, cabeleireiro e empregado doméstico.

Por maior que seja a crise, alguns serviços são ainda mais difíceis de serem cortados, como planos de saúde e gastos médicos. "Ninguém deixa de ir ao médico por causa da crise. Pode até reduzir o número de consultas e exames, mas vai cuidar da saúde", diz Otto Nogami, do Insper.

Alguns serviços chegam a ser beneficiados em época de crise. É o caso de sapateiros e costureiras, que são requisitados para recuperar e adaptar calçados e roupas que seriam substituídos por artigos novos.

NATAL

Nem tudo ficou mais caro com a turbulência econômica. Itens procurados nas compras de Natal, como eletroeletrônicos, roupas e viagens de fim de ano, tiveram aumento menor de preços -e em alguns casos, até redução. "Estes são os mocinhos, por assim dizer", diz André Chagas, da FEA-USP.

Com características de bem de luxo, esses itens são beneficiados em momentos positivos da economia e bastante prejudicados quando há crise e queda da renda no país.

Os preços de hotéis, por exemplo, caíram 4,72% em 12 meses, ao mesmo tempo em que ficam mais frequentes as promoções de passagens aéreas. Além disso, itens como geladeira e máquina de lavar tiveram aumento de apenas 0,97% no período, ante 9,93% do IPCA.

LOTERIA

Em tempos de crise, o aumento de preço das loterias da Caixa Econômica Federal pesou no bolso do consumidor e contaminou os índices de inflação. Autorizado em maio pelo governo, o aumento respondeu por 0,12 ponto percentual da alta de 0,79% do IPCA de junho.

Mas os campeões absolutos de aumento de preço neste ano são os alimentos, com destaque para o abacate e a batata inglesa, que subiram quase 80% e 60% devido ao clima seco no Sudeste, especialmente em São Paulo.



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