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REPERCUSSÃO DA REUNIÃO DA ANEPS NA MIDIA
02/04/2015 às 09h5502/04/2015 - 05h00 Sobrevivência de correspondentes de crédito é ameaçada por novas regrasBanco Central fixou teto da remuneração dos agentes em 6% do valor da operação de crédito; a categoria, que reúne 335 mil correspondentes, pressionará o BC e ameaça boicotar os bancosPedro Garcia São Paulo - Mudanças nas regras da remuneração dos correspondentes bancários, em vigor desde o começo deste ano, colocaram em xeque a sobrevivência do setor, um dos responsáveis por fazer a ponte entre consumidores e bancos. A resolução 3.954, de 2011, da autoridade monetária estabeleceu o teto de 6% do valor total empréstimo para remuneração dos agentes, e o restante (que pode chegar a 14%) fracionado de acordo com o prazo da operação de crédito contratada - no caso da transferência de dívidas entre bancos (portabilidade) a remuneração é de 3%. Ou seja, se o correspondente encaminha um financiamento de R$ 1 mil dividido em 72 meses para o banco, ele recebe R$ 60 à vista da instituição e outros R$ 140 ao longo dos 72 meses - isto é, R$ 1,94 por mês. Segundo Mário Rinaldini, vice-presidente da Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes (Aneps), os correspondentes precisam de, pelo menos, uma remuneração de 12% do valor da operação contratada para conseguirem fazer frentes às despesas mensais. "Antes da mudança das regras, nós recebíamos entre 17% e 18% à vista", lembrou, ressaltando a margem de pelo menos 5%. Segundo dados do Banco Central, atualmente existem 335,8 mil correspondentes no País. São Paulo, com 94,1 mil agentes, e Minas Gerais (38,8 mil) representam a maior parte deles. O número de agentes evoluiu quase quatro vezes em relação a abril de 2008, quando o sistema financeiro contava com 85,5 mil correspondentes. Para Edison João Costa, presidente da Aneps, se o setor continuar pressionado pelos custos, as empresas podem não sobreviver e mais de 1,2 milhão de empregos podem ser extintos. "Na minha empresa mesmo, eu estou operando com 30% da capacidade que tinha antes", observou. Recentemente, uma das maiores empresas do setor fechou as portas e, segundo estimativas da Aneps, mais de 500 funcionários diretos foram demitidos e pelo menos outros 10 mil promotores de crédito - os "pastinhas", que atuam informalmente como correspondentes, foram prejudicados. Respostas A Aneps estuda diversas frentes para responder às mudanças nas regras promovidas pelo Banco Central. Na avaliação de Costa, o ideal seria os correspondentes tivessem uma "participação no faturamento" dos contratos de crédito conseguidos por eles e fossem remunerados com uma fatia mensal. "Além de justo, a solução ajudaria a fidelizar um correspondente junto ao banco, pois, para ganhar, ele precisaria conseguir contratos para a instituição", observou. Em reunião realizada ontem pela Aneps, alguns empresários do setor chegaram a cogitar a possibilidade de boicotar os bancos. Segundo estimativas do setor, em um boicote de um dia, deixariam de ser gerados mais de R$ 300 milhões em crédito para os bancos. De acordo com o BC, a maior parte dos correspondentes bancários (293,1 mil agentes) atua na contratação de serviços de crédito para consumidores. Outros 209 mil trabalham com encaminhamento de propostas de contratação de cartões de crédito. Uma terceira fatia, de 150 mil agentes, atua no recebimento e pagamento de contas (como casas lotéricas). O correspondente pode atuar em mais de um nicho. Parcerias Os correspondentes de crédito possuem parcerias com diversos bancos e permitem que as instituições tenham acesso a regiões mais remotas e à população mais carente. "Os correspondentes cresceram em número bem mais expressivo que as agências bancárias nos últimos anos, pois foram os principais agente a atender classe D e a nova classe C, que surgiram com a democratização do crédito", disse Roberto Lamacié, CEO da correspondente Telecom Service. "O fim deles irá impactar essas classes", completou. Os correspondentes também são importante operador de crédito para os médios - ou banco de nicho - que tem menos estrutura e mais dificuldade em abrir agências. Uma das principais linhas operacionalizadas pelos agentes é o empréstimo consignado. Segundo Rinaldi, da Aneps, cerca de 50% dos empréstimos do BMG, que tem uma joint venture com o Itaú, vem dos correspondentes.
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