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Renda recua e inflação afeta mais os pobres

06/10/2015 às 10h48



O índice que mede a alta dos preços para as camadas de baixa renda mostrou nova alta no mês passado. Com a crise, o rendimento médio dos brasileiros com menos instrução sofreu queda





São Paulo - O índice que calcula a alta dos preços para os brasileiros de baixa renda subiu 10,40% em 12 meses. A queda na renda média piora mais a situação dos trabalhadores sem ensino superior completo.


As famílias que têm rendimentos entre 1 e 2,5 salários mínimos, R$ 788 e R$ 1.970, são o público-alvo do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1). O indicador têm superado, nas comparações em 12 meses, os acumulados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cálculo oficial da inflação no País.


"As cestas de bens estudadas pelos dois indicadores são diferentes. Alimentação e energia elétrica, por exemplo, afetam mais os indivíduos de baixa renda e têm mais peso no IPC do que no IPCA", explica Mauro Rochlin, professor de economia da FGV. "Essas variações indicam que aqueles com menor poder aquisitivo estão sendo mais afetados" completa.


Ao mesmo tempo, entre o segundo trimestre do ano passado e igual período de 2015, a renda dos indivíduos que têm superior incompleto caiu de R$ 1.947 para R$ 1.867.


Além disso, os ganhos daqueles que completaram apenas o ensino médio diminuíram a R$ 1.529. Também caíram os rendimentos dos que não terminaram o colegial (R$ 1.125), que completaram (R$ 1.259) e não encerraram (R$ 1.060) o ensino fundamental. A renda dos brasileiros com menos de um ano de estudo caiu para R$ 754, abaixo do salário mínimo.


O rendimento médio real é medido pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E o estudo mostra outra desvantagem para os mais pobres: os brasileiros com ensino superior completo foram os únicos que passaram a ganhar mais. A renda do grupo, que já superava o dobro dos ganhos recebidos pelos não formados, subiu de R$ 4.296 para R$ 4.335.


"As pessoas com melhor formação encaram menos concorrência, têm um diferencial. Quem tem nível mais baixo fica mais desprotegido e acaba sofrendo mais nesse momento [de crise]", afirma Victor Gomes, professor de economia da UNB. Ele ressalta também o enfraquecimento do comércio e da construção civil, setores que costumam contratar brasileiros com menos instrução.


Para o professor, o futuro é "sombrio". Gomes acredita que a inflação deverá subir mais, em parte por causa do recente encarecimento dos combustíveis. Ele também diz que "novas perdas no poder aquisitivo devem acontecer, já que a alta dos preços não deverá ser acompanhada por aumentos nos salários".


Renato Ghelfi


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