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Procura por consignados aumenta em 20%
São mais de 400 mil contratos formalizados por mês no país, sendo o aposentado o maior devedor
Fonte: TRIBUNA DA BAHIA - 20/01/2017 às 09h01Aos 62 anos, o aposentado Nivaldo Santos já perdeu as contas de quantos empréstimos teve que fazer para poder quitar as contas no final do mês, já que o atual rendimento não tem sido suficiente. “Por sinal, acabei de solicitar mais um tem pouco tempo. É um reforço que nos ajuda a pagar as dívidas. Geralmente, o valor pedido varia entre R$ 2 e 4 mil, mas que nunca tive problemas para quitar”, disse.
Nivaldo faz parte de um grupo que, segundo uma empresa gestora de documentos e informações, ajudou a elevar o número de empréstimos consignados em todo o país em 20% no ano passado. De acordo com o estudo, foram mais de 400 mil contratos formalizados por mês, sendo 90% concedidos a servidores públicos e aposentados e o valor mais requisitado (67%) é de R$ 3 mil.
Segundo o Banco Central, com uma taxa de juros considerada uma das mais baixas do mercado, na casa dos 3%, o empréstimo consignado desconta a prestação diretamente na folha de pagamento ou do benefício previdenciário do contratante. A liberação do valor depende da autorização junto à instituição financeira. Além dos juros, a crise econômica pela qual passa o país, aliado ao endividamento, têm sido fatores fundamentais para a aquisição deste tipo de empréstimo.
Em lojas que prestam este tipo de serviço em Salvador – a maior parte delas no bairro do Comércio – a procura pelos empréstimos consignados aumentou em até 20%. “Para nós, é um mercado que não tem crise. A maioria das pessoas que nos procuram são de aposentados com filhos que estão desempregados e querem ajudar de alguma forma”, contou Leandro Santos, gerente um estabelecimento que fica na região.
Segundo ele, para dar entrada no empréstimo, a documentação necessária é composta por RG, comprovante de residência, contra cheque, entre outros. “Ele só pode solicitar, no máximo, até 30% do rendimento, independente se recebe R$ 1 mil ou R$ 5 mil. A depender do tipo de aposentadoria, INSS ou servidor federal, por exemplo, a liberação pode demorar 48 horas ou até sair no mesmo dia”, salientou Santos.
Em outra loja que fica na mesma região, uma funcionária, que preferiu o anonimato, disse que a empresa trabalha com a taxa de juros de 2,2%, mas que o movimento caiu um pouco no mês de janeiro pelo fato de algumas pessoas (aposentados e servidores públicos) não terem conseguido renovar os empréstimos por já terem dívidas anteriores não cumpridas. Por lá, a maioria dos clientes é do sexo masculino e o pedido pode demorar até cinco dias para ser aceito.
Alerta
De acordo com o economista, Isaías Matos, o crédito consignado acabou se tornando um grande atrativo não apenas pela facilidade, mas também, conforme já foi citado, pelo fato de possuir as taxas mais baixas do mercado.
“No atual cenário de juros elevado (principalmente crédito rotativo do cartão de crédito e cheque especial), desemprego em alta e inflação acima da meta as pessoas acabam recorrendo. Infelizmente, percebemos que na maioria das vezes não existe um planejamento por parte do tomador, o que pode levar ao endividamento”, ressaltou.
Para ele, caso seja de fato necessário tomar essa medida, a recomendação é a de que o tomador observe as taxas aplicadas (CET – Custo Efetivo Total) e o prazo, para que as parcelas estejam dentro da sua capacidade de pagamento. “Se o uso de empréstimos for inevitável, antes de usálos, faça uma pesquisa em vários bancos. Peça demonstrativos com os valores que serão usados, os juros que serão cobrados e os valores que serão pagos, para ter certeza se é um bom negócio e qual seria a melhor opção. Não use o crédito por impulso. Seja racional antes para não se arrepender depois”, aconselhou.
Mas, segundo o especialista, o ideal é que haja o chamado planejamento financeiro. “O ponto de partida é a renda. Faça um levantamento de todos os seus ganhos e depois de todos os seus gastos mensais. Desta forma terá uma visão mais clara da sua situação financeira. Não se esqueça de colocar tudo no papel. Assim, você consegue identificar os seus gastos e saber se foram necessários ou não. Desta forma, fica mais fácil reduzir ou cortar gastos desnecessário e o dinheiro começa a sobrar no final do mês, evitando empréstimos”, explicou.