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Preços dos imóveis precisam cair 6% para brasileiro voltar a comprar

Para o banco suíço, preços precisam recuar também 10% no Rio para compensar a corrosão da renda da classe média

Fonte: O Financista - 24/03/2016 às 10h03

Somente uma queda no valor dos imóveis seria capaz de normalizar o acesso dos brasileiros ao crédito imobiliário. A avaliação é do banco de investimentos Credit Suisse. O banco suíço avalia que, nos dois maiores mercados de imóveis do país, as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, os preços precisariam recuar 6% e 10%, respectivamente, para compensar a perda de poder aquisitivo dos brasileiros.
 
“O declínio de preços em termos reais foi robusto em 2015, de cerca de 8% em São Paulo e 12% no Rio de Janeiro, mas não foi suficiente para compensar a perda do poder de compra ao longo do ano”, afirma a instituição, em relatório assinado pelos analistas Nicole Hirakawa, Luis Stacchini e Vanessa Quiroga.
 
O Credit Suisse lembra que, apesar da queda do valor real dos preços, o acesso ao crédito para imóveis de classe média recuou 20%, em São Paulo, e 15% no Rio de Janeiro, no ano passado. O banco calcula que, nas duas cidades, o acesso ao crédito está 10% abaixo da média registrada entre 2008 e 2015.
 
Entre os motivos, o relatório cita as exigências de bancos brasileiros para a liberação do crédito imobiliário. O principal é que o valor da prestação não pode ultrapassar os 30% do salário bruto do interessado. Com a corrosão da renda pela inflação, nos últimos tempos, é cada vez mais difícil encontrar quem preencha esse requisito.
 
O Credit Suisse também não vê alentos para 2016. Em seu cenário, está uma nova alta no valor das prestações e nova queda do salário real. “Por isso, encaramos os preços dos imóveis como a principal válvula de escape para restaurar o acesso ao crédito”, afirma o banco.
 
Por meio de pesquisas próprias, os suíços concluíram que, para fechar negócios, as incorporadoras estão concedendo descontos de 10% a 15% no preço da unidade. O problema é que essa prática ainda não foi totalmente absorvida pelos balanços das empresas do setor, o que indica possível queda na margem bruta de lucro. Por isso mesmo, o banco acredita que a concessão de descontos tende a arrefecer neste ano.
 
Sem dinheiro... simples assim
 
O Credit cita que, até 2015, o aumento da taxa básica de juros (Selic) era a principal mola na performance e preço dos imóveis. Nos últimos meses, contudo, a pressão começou a se deslocar para o lado da demanda, com cada vez menos gente disponível a encarar o maior compromisso de muitas famílias – a compra da casa própria. Um bom argumento seria baixar o valor dos imóveis, a fim de resgatar a confiança dos brasileiros.
 
A necessidade aumenta ainda mais, quando se lembra que a poupança, principal fonte de recursos para financiar a produção e venda de imóveis, está secando. No ano passado, os saques superaram os depósitos em R$ 50 bilhões, puxados pelo agravamento da crise econômica, que levou muitos poupadores a sacar suas reservas para pagar compromissos, e muitos investidores a buscarem opções mais rentáveis.
 
No cenário básico do Credit, os financiamentos pelo SFH (que utiliza os recursos da poupança) devem cair 20% neste ano. Mais um argumento para a queda dos preços.

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