Lançada com estardalhaço pelo governo como importante instrumento para aumentar a competição entre os bancos e reduzir os custos dos empréstimos, a portabilidade do crédito dificilmente vai emplacar. A constatação foi feita pelo presidente do Banco HSBC, Emilson Alons a portabilidade não tem força suficiente para mudar a relação que os clientes têm hoje com os bancos. "Há uma inércia muito forte. Na maioria das vezes, o cliente de um banco se recusa a trocar de instituição por já operar com ela há bastante tempo. Não há portabilidade que dê jeito nisso", afirmou.
Pela portabilidade, o cliente de um banco pode transferir suas dívidas para outra instituição que ofereça juros mais baixos. "Mas não adianta. Mesmo antes da portabilidade, lançamos alguns produtos, como a transferência do saldo de um cartão de crédito de um banco concorrente para o nosso, com desconto de 10% na dívida, e não deu certo", disse. "Pelo que já testamos, posso assegurar que a portabilidade do crédito é um produto que não pegou e não vai pegar", sentenciou. "O que realmente importa para o consumidor bancário é a relação que ele tem com o banco no qual tem conta."
Apesar da resistência dos consumidores em relação à portabilidade, os bancos também têm dado uma mãozinha para dificultar a operação. Instituíram uma taxa punitiva para aqueles que pagarem antecipadamente seus créditos. Ou seja, quando alguém adere à portabilidade, pega o dinheiro em outro banco a um custo mais barato para quintar a dívida mais cara, é obrigado a pagar uma espécie de pedágio na saída. Em alguns casos, esse pedágio é tão alto, que é melhor para o cliente continuar pagando as prestações da dívida cara até o final do contrato.
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