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Por que o juro é tão alto no Brasil?

18/11/2015 às 09h59

 

Desde os anos 1990, as taxas de juros brasileiras estão entre as mais altas no mundo, o que suscita tanto debates acadêmicos quanto ataques políticos.

Veja abaixo cinco razões para a anomalia nacional -nenhuma delas explica sozinha o fenômeno- e a teoria conspiratória mais difundida.

Crédito subsidiado para parte dos setores e atividades – Quase metade dos empréstimos e financiamentos do país, segundo dados de setembro, é imune aos juros do Banco Central.

Como os recursos e as taxas para o crédito rural, os financiamentos imobiliários e os desembolsos do BNDES são fixados pela legislação, o BC precisa fixar juros mais altos para regular o restante do mercado.

Gastos crescentes do governo – A ampliação contínua de despesas públicas, especialmente com benefícios sociais, faz com que o consumo cresça mais rapidamente que a oferta de produtos, gerando inflação.

Além disso, a desconfiança quanto à capacidade do governo de pagar suas dívidas no futuro leva o mercado a cobrar taxas maiores para emprestar dinheiro ao Tesouro Nacional.

Escassez de poupança – O Brasil é um país que poupa pouco, por razões culturais e econômicas (como o excesso de gastos do governo e as regras relativamente generosas da Previdência Social).

Isso significa que há pouco dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos, o que encarece as operações.

Cultura inflacionária – Embora o Plano Real, de 1994, tenha acabado com as taxas extremas de inflação, os preços nacionais continuaram subindo em ritmo elevado para padrões internacionais.

Por isso, o país mantém o costume de corrigir preços e salários conforme a inflação passada, tornando mais difícil a tarefa da política do BC.

Incertezas quanto à legislação – Segundo alguns estudiosos, as sucessivas alterações de leis, políticas de governo e decisões do Judiciário no país tornam mais arriscadas as transações econômicas.

Por esse raciocínio, o mercado financeiro exige juros mais altos para compensar esses riscos, especialmente em empréstimos de longo prazo.

Teoria conspiratória: o governo quer proporcionar lucros aos bancos – Difundida da esquerda à direita da arena política, a tese ganha força em períodos de alta dos juros, como este ano.

É inegável que o setor financeiro exerce influência sobre as decisões de política econômica: afinal, o governo é deficitário e precisa de dinheiro emprestado regularmente.

No entanto, as taxas historicamente altas de inflação no país não indicam que os juros tenham sido elevados além do necessário.

Além disso, o governo Dilma Rousseff chegou a reduzir os juros a 7,25% ao ano no primeiro mandato da presidente, que iniciou uma ofensiva contra os bancos privados. A estratégia fracassou: diante da alta da inflação, o BC foi obrigado a elevar novamente suas taxas.


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