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Especialistas projetam queda de até 2,1% na produção no segundo trimestre. Se confirmada, será a maior retração desde o fim de 2008, auge da crise mundial. Dados oficiais serão divulgado no fim de agosto pelo IBGEO desempenho da economia brasileira no segundo trimestre de 2015 é um desastre anunciado. Os números oficiais serão conhecidos em 28 de agosto, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o Produto Interno Bruto (PIB) do período. No entanto, o mercado estima retração de até 2,1%, o que vai configurar o maior tombo trimestral desde a crise mundial. No último trimestre de 2008, a economia encolheu 4,1% e, nos três primeiros meses de 2009, caiu 2,2%. O que diferencia a atual tormenta é que, desta vez, a recuperação do país vai ser muito mais lenta. Tanto que os especialistas sequer arriscam precisar quando o Brasil voltará a crescer.
Apesar da queda de 0,2% do PIB em 2009, em 2010 a economia brasileira disparou e cresceu 7,6%. Naquela época, o governo agiu rapidamente e combateu a crise injetando liquidez no mercado interno, com maior acesso ao crédito. O resultado foi o estouro do consumo das famílias e o crescimento anabolizado da atividade econômica. Nada disso, entretanto, funcionaria agora. Mesmo que a economia mundial tenha desacelerado, o principal motivo da crise atual não é o cenário externo, mas o desarranjo doméstico da política econômica, garantem os especialistas.
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Se a projeção do mercado se confirmar, e o índice de queda de 2,1% no segundo trimestre fosse anualizado, a retração da economia brasileira atingiria 8% em um ano. “A política fiscal foi equivocada, a falta de confiança está no nível mais baixo da história, os investimentos caíram, a inflação disparou. Para complicar, temos o problema da corrupção, da Lava-Jato, e a crise política”, enumera o economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo. “Em algum momento, vamos sair da recessão, porque o país não vai acabar. Mas, quando isso vai ocorrer, é muito difícil dizer”, emendou.
O consumo das famílias, que segurou o PIB por muito tempo, não resistiu à combinação de juros altos, deterioração do mercado de trabalho, com mais desemprego e renda menor, e inflação galopante. O próprio presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, deixou claro que a carestia vai atingir o pico neste trimestre e permanecer em níveis elevados até o fim do ano. “A trajetória de queda só começa em 2016”, diz Tombini. Na estimativa do BC, a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve ficar em 9% este ano.
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