Levantamento é da consultoria Economatica. Estatal registrou lucro de R$ 531 milhões no segundo trimestre do ano.
A Petrobras registrou seu sétimo pior resultado trimestral desde 1999, segundo levantamento da consultoria Economatica, divulgado um dia depois da divulgação do balanço da estatal, que mostrou um lucro líquido de R$ 531 milhões no segundo trimestre de 2015. O resultado é quase 90% menor que no mesmo período do ano passado, quando lucrou R$ 4,959 bilhões. De acordo com a pesquisa, o pior resultado foi registrado no quarto trimestre de 2014, quando a empresa teve prejuízo de R$ 26,6 bilhões. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado e é o pior para um segundo trimestre desde 2012, quando a estatal teve prejuízo de R$ 1,3 trilhão, segundo levantamento da Economática aoG1. Uma projeção com cinco analistas ouvidos pela Reuters esperava lucro de R$ 5,14 bilhões no período. De acordo com a petroleira, o lucro menor reflete "o aumento da despesa financeira líquida, o reconhecimento de despesa tributária de IOF e a maior despesa com imposto de renda e contribuição social devido ao provisionamento desses tributos sobre lucros auferidos no exterior de R$ 1,097 bilhão". Para o presidente da estatal, Aldemir Bendine, os resultados são bons diante da “nova realidade”, já que no período em 2014 o preço do Brent (petróleo negociado em Londres) estava em US$ 120. "Estamos muito satisfeitos", diz Bendine, acrescentando que "pode ser que o número final não mostre a grandiosidade da companhia". Trimestre anterior Na comparação com o trimestre anterior, a queda do lucro foi de 90%. Nos 3 primeiros meses de 2015, a estatal obteve lucro de R$ 5,33 bilhões, após ter fechado 2014 com um prejuízo de R$ 21,587 bilhões. Os investimentos totalizaram R$ 36,2 bilhões, 13% abaixo do 1º semestre de 2014. Lucro 43% menor no semestre No primeiro semestre, o lucro líquido foi de R$ 5,861 bilhões, 43% inferior em relação ao mesmo período de 2014. Segundo a estatal, esse resultado "reflete o aumento das despesas financeiras líquidas e o reconhecimento de despesa tributária de IOF, em parte compensados pelo acréscimo de 26% no lucro bruto". Isso se deve, de acordo com a petroleira, a "maiores margens de venda dos derivados no mercado interno e o maior volume de exportação de petróleo decorrente do aumento de 9% na produção no país, apesar da redução da demanda no mercado doméstico". O resultado do 2º trimestre foi impactado pelo pagamento de R$ 1,6 bilhão à Receita Federal por conta de uma autuação relativa a operações com controladas da companhia no exterior, após derrota da empresa no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Em julho, a Petrobras estimou que a multa teria impacto negativo de R$ 1,4 bilhão nas demonstrações do segundo trimestre. Endividamento A dívida líquida da Petrobras subiu 15% em seis meses, para R$ 323,9 bilhões no final de junho, ante R$ 282 no final de 2014. No final do semestre, o endividamento total é de R$ 415 bilhões. Este foi o segundo balanço da gestão de Aldemir Bendine, sucessor de Graça Foster na presidência da Petrobras. A Petrobras está no centro das investigações da operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Em abril, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção e reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões. No final de julho, a Petrobras conseguiu recuperar, após determinação da Justiça Federal, R$ 139 milhões desviados pelo ex-gerente da estatal Pedro José Barusco Filho e pelo ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa. Somados aos R$ 157 milhões devolvidos em maio, a petroleira já recuperou R$ 296 milhões. Lucro operacional O lucro operacional foi de R$ 22,8 bilhões, 39% superior ao do 1º semestre do ano passado. O principal fator que contribuiu para este crescimento foi a maior margem na comercialização de derivados.
O Ebitda ajustado do semestre foi de R$ 41,3 bilhões, um aumento de 35% em relação ao 1º semestre do ano anterior. O fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 4,5 bilhões ante R$ -15,8 bilhões no primeiro semestre. Os investimentos totalizaram R$ 36,2 bilhões, 13% abaixo do 1º semestre de 2014. O segmento de Exploração e Produção no Brasil concentrou 78% dos recursos. Em dólares, os investimentos atingiram US$ 12 bilhões, 33% abaixo do mesmo semestre do ano passado (US$ 18,1 bilhões). TCU Sobre a decisão do TCU de avaliar os ativos que a Petrobras indica para seu plano de desinvestimento, Bendine disse que faz parte de um acordo. “Os parâmetros de desinvestimento já foram olhados no passado, não é uma autorização prévia, mas uma maneira de acompanhar se o desinvestimento está sendo feito na melhor prática”. Desempenho na Bovespa As ações da Bovespa fecharam em alta nesta quinta. Os papéis ON subiram mais de 4% e os PN avançaram mais de 3%, enquanto que o Ibovespa registrou queda de 0,55%. No acumulado do ano, as ações ordinárias se valorizaram 19,5% e, as preferenciais, têm alta de 3%. Segundo dados da Economatica, em valor de mercado, a Petrobras ganhou mais de R$ 16 bilhões nos 7 primeiros meses do ano, alcançando atualmente cerca de R$ 143,1 bilhões. Em 2012, a companhia chegou a atingir na bolsa o valor de R$ 330 bilhões.
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