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Para fugir dos juros, venda de dívida para bancos dobra nos últimos meses

07/08/2015 às 15h10

Na portabilidade, banco compra dívida de uma pessoa, quita saldo devedor com o banco antigo e faz um novo contrato em condições melhores.

Tem cada vez mais gente endividada pelo país. E para fugir da bola de neve dos juros, uma opção tem sido vender a dívida para outro banco e negociar melhores condições de pagamento com juros menores. Essa portabilidade não para de crescer.

A portabilidade é assim: como se um banco comprasse a dívida de uma pessoa. Ele quita o saldo devedor com o banco antigo e faz um novo contrato em condições melhores. “Buscar taxas menores para poder quitar uma dívida é uma opção interessante”, afirma a professora Juliana Paiva.

O número mensal dessas transações dobrou nos últimos quatro meses. O curioso é que o número de crescimento de contratos de portabilidade ocorre justamente no momento em que os juros não param de crescer no país. O Banco Central já aumentou a Selic, a taxa básica de juros, sete vezes seguidas. Ela está em 14,25%, a maior desde julho de 2006. A questão é: onde, afinal de contas, os clientes estão encontrando condições melhores para mudar o crédito de um banco para o outro. 

O despachante Gilmar Geraldo Nogueira bem que procurou juros mais baixos para transferir um empréstimo. “Mas eu não encontrei. Se eu encontrar, tudo bem. Me fala qual banco que é que eu encontro mais baixo”, questiona.

O economista Gabriel Ivo explica que dois fatores contribuem para o aumento da demanda: os bancos públicos restringiram mais o crédito, e os bancos privados baixaram as taxas em alguns casos e oferecem facilidades para disputar os clientes. “Outros bancos vêm oferecendo benefícios por exemplo, como a taxa do cartão de crédito, do cheque especial, gratuidade na anuidade. Vale a pena. O cliente tem que fazer essa análise, ele tem que observar a taxa de juros e esse relacionamento”, diz Gabriel Ivo.

A diretora de crédito diz que os bancos se interessam mesmo pelos empréstimos consignados, aqueles em que a prestação é descontada direto na folha de pagamento. “Os bancos restringem o crédito de maior risco e passam a ter maior interesse, para operações de crédito com menor risco de inadimplência”, afirma Maria Virgínia Gomes, diretora comercial de banco.

Dona leda que tem empréstimos consignados diz que já fez a portabilidade cinco vezes e que foi fácil. Na última, recebeu de volta do novo banco cerca de 3% do saldo devedor. “Eu vejo o que a instituição vai me oferecer e ainda brinco: o que que vou ganhar de brinde. E vou e olho mesmo os juros porque tem que olhar os juros. Aquilo que vai me dar mais um pouquinho e que eu não vou ficar tão endividada”, diz a aposentada Leda Maria dos Santos.


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