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Para 88% dos brasileiros, crise já afeta a vida pessoal
10/07/2015 às 14h57Para 88% dos brasileiros, a crise econômica já chegou à sua vida pessoal, levando a um corte de gastos, mudança de hábitos de consumo e à busca por alternativas para aumentar a renda. As conclusões sobre o Brasil fazem parte de um levantamento feito pelo instituto Data Popular, especializado em hábitos de consumo das classes C, D e E, em cinco países da América Latina. O objetivo do trabalho foi descobrir como os latino-americanos estão enfrentando as dificuldades econômicas. Foram entrevistadas 2.644 pessoas em cinco países: Brasil, Argentina, México, Chile e Uruguai, representantes de todas as classes sociais. A margem de erro é de 1,99 ponto percentual. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira, em Madri, durante o XIV Encontro de Jornalistas latino-americanos, promovido pelo banco Santander. "Ajuste fiscal" doméstico Ao menos oito em cada dez latino-americanos mudaram seus hábitos de consumo para enfrentar a crise, mostrou o Data Popular. À frente dos demais países, 88% dos entrevistados no Brasil afirmaram ter mudado seu comportamento para reduzir gastos. Pelo menos 90% dos brasileiros entrevistados disseram ter economizado nas contas de casa; 84% deixaram de comprar alguns produtos no supermercado e 84% cortaram gastos com lazer. "É o ajuste fiscal feito pela dona de casa", diz Renato Meirelles, presidente do Data Popular, lembrando que 88% dos brasileiros começaram a comprar em supermercados que fazem promoções com preços mais baixos e 83% passaram a consumir marcas mais baratas. "Com o ganho de renda, a população que virou classe média ficou mais exigente com a qualidade dos produtos. A troca por uma marca mais barata não significa que essas pessoas estão comprando agora produtos de má qualidade", disse o presidente do Data Popular, alertando que o levantamento mostrou que 88% dos brasileiros entrevistados buscam por melhores preços e 67% se informam sobre produtos mais baratos. O levantamento mostrou que os brasileiros (78% da amostra) são os que mais pechincham na hora da compra, seguidos pelos mexicanos (59%). Dos entrevistados no Brasil, 72% disseram fazer compras a prazo. Entre todos os países pesquisados, 63% dos entrevistados disseram que sem parcelamento não poderiam comprar os produtos a que se acostumaram. A pesquisa mostrou também que 42% dos brasileiros deixaram de pagar uma conta para pagar outra. "É o que se chama rodízio de contas", afirma Meirelles. O trabalho mostrou que a rede de relacionamento também ajuda a enfrentar o momento econômico adverso, com 50% dos entrevistados afirmando que compraram fiado no último ano, sendo 44% no Brasil. Outros 20% dos brasileiros entrevistados tomaram empréstimo com um amigo e outros 20% fizeram compras com um cartão de crédito emprestado. Mexicanos e argentinos são os mais pessimistas De acordo com 58% dos entrevistados, a América Latina passa por um momento econômico ruim, sendo que os mexicanos (69% dos entrevistados) e argentinos (60%) são os mais pessimistas. Os brasileiros aparecem em terceiro, com 55% dos entrevistados considerando o momento ruim ou péssimo para a economia. Do total de pessoas da amostra, nos cinco países, 45% disseram que esta é a pior crise econômica que já atravessaram. Entre os brasileiros, 97% disseram que o país atravessa uma crise econômica e 52% desse total avaliaram o momento como a pior crise econômica já vivida no país. Pelo menos 72% dos entrevistados na pesquisa glogal afirmaram ter tomado alguma atitude para aumentar seus rendimentos. Entre os brasileiros, esse percentual é de 71%, atrás de México (75%) e Argentina (72%). No Brasil, 68% dos entrevistados disseram ter feito um trabalho extra para melhorar seus ganhos. Entre as classes econômicas mais baixas, que têm maior peso no estudo, a forma de aumentar a renda foi “fazendo um bico”. "Claramente trata-se de um trabalho não legalizado, na economia informal. Constatamos que na Páscoa, por exemplo, muita gente fez ovos em casa para vender", diz Meirelles.
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