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20/08/2012 às 17h40

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Por Denise Bueno | Para o Valor, de São Paulo      

Marco Antonio da Silva Barros, presidente da Federação Nacional das Empresas de Capitalização: "Quando ocorre uma adversidade na economia ou eventos causados pelo clima, quem sofre são as classes vulneráveis financeiramente"

A urgente necessidade de capacitar os indivíduos, as famílias e as micro e pequenas empresas para garantir um futuro economicamente mais saudável, por meio de melhores decisões financeiras, começa a ganhar adeptos. Treze anos após o Banco Central regulamentar o microcrédito no Brasil, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) está prestes a finalizar a regulamentação de microsseguros.

Marco Antonio da Silva Barros, presidente da Federação Nacional das Empresas de Capitalização (Fenacap) e responsável pela área de seguridade do Banco do Brasil, afirmou, durante o Seminário Microsseguros & Microcrédito, Fatores de Inclusão Social, promovido dia 16 pelo Valor, que o microsseguro é uma demanda do governo, que vê no produto uma ferramenta para evitar que as pessoas que migraram para as classes D e C retornem à linha de pobreza em razão da ocorrência de fatalidades, como morte do provedor, acidentes ou desemprego. "Geralmente quando ocorre uma adversidade na economia ou eventos causados pelo clima, quem mais sofre são as classes vulneráveis financeiramente."

Nelson Le Coq, diretor de autorizações da Susep, afirma que os projetos já implementados de microcrédito sinalizam que as pessoas passam a se preocupar mais com riscos diários, na família ou no trabalho, à medida que a renda aumenta. O potencial estimado dos microsseguros chega a 120 milhões de pessoas.

"Mais consciente, o indivíduo buscará usar os produtos financeiros e o tempo a seu favor na construção de um patrimônio, gerando um circulo virtuoso de crescimento não só dele, como também das empresas, das instituições financeiras e do país", disse o economista Delfim Netto, em sua palestra.

Diante disso, a Susep debruçou-se sobre o tema e, em 2006, passou a fazer parte de instituições internacionais para atualizar-se. Após dois anos de estudos, a autarquia criou comissão consultiva para começar, junto com a iniciativa privada, a desenhar a resolução 244, publicada em 2011, e regulamentada por oito circulares. Faltam duas, sobre capital mínimo e constituição de reservas técnicas, previstas para serem editadas até o fim de setembro.

"O setor ainda tem muitas dúvidas, mas já temos um bom começo para traçar estratégias", afirmou Bento Zanzini, responsável por microsseguros no grupo segurador Banco do Brasil e Mapfre. "Identificamos mais de 30 produtos que se enquadram".

Quatro empresas já entregaram à Susep carta de intenção para atuar no segmento. "Fomos os primeiros a protocolar na nossa intenção", informou Eugênio Velasques, diretor da Bradesco Seguros. "Estamos prontos. Apenas aguardando o sinal verde". Mais uma chega nesta semana. "A Mongeral Aegon vai solicitar autorização da Susep para atuar no mercado com o Minha Família", comentou Leonardo Lourenço, superintendente de marketing.

A regulamentação da Susep focou a inclusão e não a bancarização, ao permitir que correspondentes bancários possam vender microsseguros. Boa parte do público alvo não tem conta em banco. Nem cartões de crédito ou cheques. Só a Caixa tem 25 mil correspondentes bancários e mais 11 mil casas lotéricas, com atendentes treinados para a venda de seguro, garantiu Rosana Techima Salsano, diretora de vida da Caixa Seguros, que atingiu a marca de 20 milhões de seguros de baixo tíquete vendidos no mês de agosto.

A Susep também criou a figura do corretor especializado em microsseguro, que terá de ser treinado para ter qualificação mínima para fazer uma venda correta. Assim como no microcrédito, esses profissionais geralmente são pessoas das próprias comunidades. O exército de 70 mil corretores tradicionais de seguros também pode explorar o nicho. "Vamos esperar para entender melhor esse mercado. Com certeza, vender individualmente não é interessante para o corretor tradicional por ser um produto de baixo custo. Mas atuar com um grupo já torna o comissionamento viável", afirmou Adevaldo Calegari, diretor da área de microsseguros do Sindicato dos Corretores de Seguros de São Paulo (Sincor SP).

Os produtos terão de ser padronizados. Se por um lado isso limita a criatividade dos promotores, por outro agiliza a burocracia na Susep, além de facilitar a fiscalização. Os produtos com maior demanda são o seguro prestamista, o seguro de vida em grupo, conjugado com acidentes pessoais, e o seguro de assistência pessoal, sendo possível combinar um título de capitalização. Em relação aos valores, o órgão regulador definiu como R$ 24 mil a importância segurada máxima para apólices de vida e de R$ 30 mil para residências, por exemplo. O prazo para pagamento da indenização também foi determinado em dez dias corridos, bem como é obrigatório ter uma ouvidoria própria para atender os clientes de microsseguros.

As seguradoras já comercializam apólices com tais características. Estatísticas consideram que 22 milhões de pessoas já possuem apólices de tíquetes inferiores a US$ 100 por ano. Nos últimos dez anos, as seguradoras pagaram R$ 1 bilhão em indenizações aos clientes de apólices de pequeno valor, revela Rubens Nogueira, presidente da Classic Corretora, especializada em seguros massificados e ligada ao grupo Brasil Insurance.

Zanzini citou o Pasi - Plano de Amparo Social Imediato, criado em 1989. "Eles foram pioneiros e usaram a coragem e a criatividade para atender uma classe que ninguém queria devido ao alto índice de acidentes". Inicialmente atendendo trabalhadores da construção civil de Minas Gerais, o Pasi tem hoje 33 milhões de beneficiados, 300 entidades de classe parceiras e a meta de beneficiar 100 milhões de pessoas.

 www.valoronline.com.br

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