De olho na expansão, o banco PanAmericano pagou R$ 351 milhões pela plataforma de cartão de crédito do Cruzeiro do Sul, liquidado pelo Banco Central em setembro do ano passado.

Com um lance R$ 1 milhão acima do valor mínimo estipulado para o leilão que aconteceu na sexta-feira, o PanAmericano pretende acelerar seu crescimento nos empréstimos com desconto direto na folha de pagamento.

"O cartão consignado completa nossa grade de produtos. [Com essa aquisição], ganhamos um tempo bastante grande. Se fôssemos fazer do zero, demoraria mais", afirmou José Luiz Acar, presidente do PanAmericano.

O banco encerrou dezembro com uma carteira de R$ 1,8 bilhão em crédito consignado. Com a aquisição, o PanAmericano já leva de cara uma carteira de crédito de R$ 350 milhões.

Além disso, fica com 237 convênios com órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) e sete com empresas da iniciativa privada. Segundo Acar, não existe sobreposição entre os convênios que o PanAmericano tem e aqueles que o Cruzeiro do Sul possui, o que torna o negócio bastante atrativo.

Desde que o Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do Banco Central, em junho do ano passado, detentores de cartão de crédito do banco não puderam mais utilizá-lo para fazer compras. O trabalho do PanAmericano agora será reativar essa base, algo que pelas estimativas de Acar levará cerca de seis meses.

O Cruzeiro do Sul chegou a ter uma carteira de cartão de crédito consignado de R$ 500 milhões, o que dá pistas do tamanho que o PanAmericano pode alcançar. "Já saímos de uma base boa", afirma Acar.

O cartão de consignado é considerado mais rentável que o empréstimo com desconto em folha tradicional. A taxa de juros máxima do cartão consignado, fixada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), é superior à do empréstimo tradicional, por exemplo. Os bancos também podem vender seguro para esse cartão e cobrar uma taxa de emissão do meio de pagamento, o que contribui para melhorar a rentabilidade para a instituição.

Hoje, só os bancos BMG e Bonsucesso possuem o cartão de crédito consignado. Mas diversas instituições estão desenvolvendo o produto, como o Bradesco, que deve lançar sua plataforma ainda neste ano, apurou o Valor .