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País precisaria de 7 CPMFs para estabilizar dívida, diz Ilan
24/11/2015 às 09h35
Para estabilizar a relação entre dívida pública e Produto Interno Bruto (PIB), o país precisaria criar sete CPMFs, calcula o economista-chefe do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn. "Mas o governo não vai conseguir aprovar nem uma", afirmou, durante encontro no Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), no Rio.
"Acho que o Joaquim Levy levou a economia do Brasil para o caminho certo, mas não conseguiu fazer 20% do que ele queria". Na avaliação de Goldfajn, o principal problema da crise é estar obrigado a fazer um ajuste fiscal por lei, num Congresso "completamente dividido". Ele classificou como "coincidência infeliz" o atual momento em que há uma grave crise política, que impede a aprovação de medidas importantes para a recuperação da economia, e um cenário de recessão.
O economista-chefe do Itaú Unibanco estima resultado primário negativo de 1% do PIB neste ano e calcula que para estabilizar a dívida será preciso superávit de 2,5% do PIB, "o que significa um ajuste de 3,5%". Para o economista, 2015 está terminando pior do que começou, sem sinal de estabilização. Indicadores de renda, confiança e emprego estão em queda, enumerou. "O lado real da economia ainda não mostra sinais de estabilização. O começo de 2016 vai ainda ser difícil".
Do lado de fora, a economia internacional mostra sinais positivos. "O mundo não está tão ruim quanto a gente imaginava". Segundo Goldfajn, na Europa a recessão passou e a Grécia saiu do hospital. O crescimento da China está esfriando, mas a desaceleração começa a se estabilizar para um avanço entre 6% e 7% do PIB. "Significa que o preço das commodities fica parado, e a perda que está vindo lá de fora estanca. Para nós, parar de piorar é uma boa notícia", afirmou Goldfajn. "A queda das commodities levou a uma queda de renda bem importante, que ainda não conseguimos digerir", completou.
Nos EUA, os juros devem começar a subir a partir de dezembro, mas devem causar pouco impacto na economia brasileira se a elevação for gradual e dentro das previsões de analistas, avalia Goldfajn.
Comparado aos vizinhos da América Latina, porém, o Brasil sentiu mais a perda de ritmo da economia internacional. A alta dos juros e a desaceleração em países como Colômbia, Chile e México foram mais suaves que aqui. "Esse adicional foi autoproduzido", acredita o economista. Para ele, o governo da presidente Dilma Rousseff prolongou demais os gastos com programas como o 'Minha Casa, Minha Vida', mesmo após o fim do boom das commodities. "A gente não aceitou a realidade e estendeu um pouco a época do milagre das commodities", criticou.
O desemprego deve continuar subindo e no início do ano que vem, prevê, pode romper a marca dos 10%. Esse cenário pode levar a um crescimento da inadimplência, que até agora, apesar da crise, se mantém estável. Para Goldfajn, os erros do governo e a Operação Lava-Jato afetam mais as grandes companhias do que as média e pequenas empresas e por isso a inadimplência se mantém em um nível relativamente seguro.
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