Duas paixões unem os executivos Alcides Lopes Tápias e Antonio Hermann: carros superesportivos e bancos – não necessariamente nessa ordem. Ambos se realizam atrás do volante de um Porsche ou à frente de times competitivos no mercado financeiro. Nas pistas de concreto, Hermann, 58 anos, é mais ousado que o amigo e, depois de competir no Brasil e no Exterior na categoria GT, atualmente é chefe do BMW Team Brasil. Aos 70 anos, Tápias cede aos mais jovens o prazer de acelerar bólidos semi-voadores. Mas a dupla não abre mão de pilotar máquinas bancárias e acaba de assumir um novo desafio, o BMG, líder privado em créditos consignados no País.
Ex-ministro do Desenvolvimento, Tápias foi contratado para presidir o conselho de administração do banco octagenário da família Pentagna Guimarães, de Minas Gerais. Hermann, ex-presidente do Banco Itamarati, do empresário Olacyr de Moraes, será o novo presidente-executivo da instituição. Ambos substituirão o patriarca Flávio Pentagna Guimarães e seu filho, Ricardo, que continuarão como acionistas controladores e deixarão as funções executivas no conselho e na diretoria do banco. O acerto foi informado previamente ao Banco Central, na quarta-feira 21, em Brasília, e deverá ser formalizado nas próximas semanas. “Chegou o momento adequado para concluirmos a profissionalização do BMG”, disse à DINHEIRO Ricardo Pentagna Guimarães, na manhã da quinta-feira.
“Estamos muito felizes com a contratação de dois executivos tão experientes e com uma história notável no mercado financeiro.” Segundo o banqueiro mineiro, a ideia de passar o volante para profissionais é antiga e ganhou força em julho passado, após a associação com o Itaú Unibanco no segmento de crédito consignado. O novo Itaú BMG Consignado, que começa a operar em 1º de dezembro próximo, irá concentrar as operações de crédito com desconto em folha de pagamento dos dois bancos. Pelo acordo, o Itaú terá 70% do negócio e o BMG, 30%. Atualmente, os empréstimos consignados são o principal ativo da instituição mineira e representam cerca de 80% dos R$ 27,4 bilhões da carteira total.
Ao juntarem forças, o gigante Itaú fincou pé num filão disputado e o BMG garantiu recursos para expandir as operações, livrando-se do mal que aflige os bancos médios de tempos em tempos: a dificuldade de captação. Tápias também terá assento no conselho de administração do BMG Itaú Consignado, para onde será transferido o vice-presidente do BMG, Márcio Alaor, com a respectiva equipe. A chegada dos novos pilotos do BMG não foi obra de nenhum headhunter profissional. Todos são velhos conhecidos. Tápias, que fez uma carreira executiva de 30 anos no Bradesco e passou dez anos no conselho do Itaú, tem um bom relacionamento pessoal com Flávio Pentagna Guimarães.
“Ele me pediu para cuidar da governança do BMG e ajudar a perpetuar o banco”, diz o ex-ministro. “É como um paizão preocupado com os filhos.” Hermann, sócio de Tápias na Aggrego Consultores, já havia prestado consultoria para o BMG e o Itaú. O desafio de ambos é atrair profissionais experientes para as demais áreas da instituição, como financiamento de veículos e de consumo, e expandir os negócios. E como se sente um piloto experiente como ele ao voltar ao cockpit de um banco? “Estou com frio na barriga”, responde Hermann. Sinal de que a adrenalina continua alta e deverá incomodar os rivais no mercado financeiro.
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