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Novos bancos disputam o Crédito Imobiliário

25/02/2007 às 13h12

jornal Gazeta Mercantil 23/02/2007 - Léa De Luca                                       

As excelentes perspectivas para o crédito imobiliário no Brasil já começam a atrair novos participantes a este mercado. O Citibank, que havia se afastado em 2000, voltou em janeiro a oferecer o produto. Bancos estrangeiros de atuação mais discreta no Brasil, como o BNP Paribas, também estão de olho no segmento, assim como bancos médios, especializados em consignado, como Panamericano e BMG, estão interessados em aproveitar sua experiência para oferecer financiamento imobiliário às classes C e D. Além disso até grupos com braços financeiros, como a GE - que aqui já faz financiamentos de automóveis - também estão se estruturando para atender a demanda. O Banco Votorantim está finalizando a estruturação de uma área especializada em crédito imobiliário a construtoras. O banco não confirma, mas fontes do mercado informam que a BV Financeira, seu braço de varejo, deve entrar em breve no mercado imobiliário para pessoas físicas.

Até o Banco do Brasil (BB), maior do País - e que estava fora do negócio - acaba de fechar parceria para começar a operar também. Enquanto isso, bancos comerciais com tradição no segmento têm grandes planos para o negócio: o Itaú, por exemplo, prevê ampliar sua carteira em dez vezes nos próximos cinco anos, para cerca de R$ 20 bilhões, segundo informou recentemente seu presidente, Roberto Setubal.

Depois de fechar sua carteira em 2000, o Citibank está oferecendo desde o começo do ano financiamentos imobiliários pelo SFH e Carteira Hipotecária, com juros que vão de 10,95% a 12,95% ao ano, para clientes com renda a partir de R$ 3 mil mensais, por até 20 - anos o total emprestado vai até o máximo de 80% do valor do imóvel. Edson Nassar, superintendente executivo de produtos e serviços do Citi, não revela metas para este ano, mas garante que o banco tem recursos suficientes na poupança para recomeçar o negócio - o Citi passou os últimos seis anos com 60% dos recursos captados (que deveriam ir para o crédito imobiliário e não foram) depositados no Banco Central, a taxas punitivas.

Nassar informa porém que dependendo da demanda, o banco pode voltar a incentivar a captação de poupança no segundo semestre. "Não queremos ser os maiores, mas sim oferecer o melhor serviço", diz. Segundo o executivo, o banco está voltando agora a esse mercado porque não dá para ficar fora quando a demanda é grande. "Nossa estratégia é ter na prateleira todos os produtos para atender nossos clientes".

"Negócio do momento"

Wilson De Aro, diretor financeiro do Banco Panamericano, informa que a instituição está testando o mercado de crédito imobiliário com uma modalidade um pouco diferente: o financiamento com garantia em imóvel. O Panamericano financia até R$ 500 mil, equivalentes a um percentual que pode chegar a 70% do valor do imóvel, a taxas a partir de 1,8% ao mês, por até cinco anos. De Aro informa que o piloto começou em janeiro, no interior de São Paulo, e já foram emprestados R$ 20 milhões. "Há outras 180 propostas em análise no valor de R$ 100 milhões", diz. Os clientes costumam usar os recursos para reformar ou comprar uma outra casa.

Alaor Rodrigues, vice-presidente executivo do BMG, é outro que confirmou estudos para entrar no segmento de crédito imobiliário. "É o grande filão do momento", diz. O banco estuda entrar com parcerias com fundos estrangeiros e/ou financiar com recursos próprios.

"Embora o negócio seja muito diferente de um financiamento de automóvel ou crédito consignado, para bancos menores e de nicho a entrada no segmento especializado é mais fácil e ágil do que para bancos grandes", diz Décio Tenerello, presidente da Abecip, entidade que representa o setor.

Recorde em 2006

Bernard Mencier, presidente do BNP Paribas, informa que o banco francês também está estudando entrar nesse mercado, por meio das suas unidades de crédito ao consumo - Cetelem e Cardif. Também pretende oferecer o produto a seus clientes do private bank. A idéia é aplicar recursos próprios, uma vez que o banco não tem poupança. Mas o BNP também estuda participar de alternativas no mercado de capitais, como securitizações. "Não existe um banco global hoje que não esteja acompanhando de perto o mercado de financiamentos de imóveis no Brasil".

O Banco do Brasil fechou no dia 12 acordo operacional com a Associação de Poupança e Empréstimo (Poupex) para antecipar sua entrada no segmento, enquanto aguarda autorização do Banco Central para atuar por conta própria. A expectativa é desembolsar R$ 650 milhões em 2007, o que representa volume de 10 mil contratos, com tíquete médio de R$ 65 mil. As taxas das linhas da Poupex disponíveis nas agências do BB vão variar de 10,49% a 12% ao ano, além da TR, de acordo com o valor a ser financiado. O valor do empréstimo pode chegar a 80% do valor do imóvel e o prazo de pagamento é de 180 meses.

A GE Money, braço de financiamento ao consumo da General Electric, gigante multinacional norte-americana, também disse a este jornal que vai entrar no mercado de crédito imobiliário no Brasil até o final deste ano. "É o negócio do momento", diz Ivan Svitek, presidente da GE Money no País. "Hoje, metade das operações de crédito no mundo é financiamento imobiliário". A meta do banco para este ano é dobrar de tamanho no Brasil este ano - o que significa aumentar para R$ 2 bilhões a carteira de crédito.
Os financiamentos imobiliários do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiram R$ 9,5 bilhões em 2006 - um crescimento de 95,5% em relação a 2005. Apenas em dezembro, o volume emprestado foi superior a um R$ 1 bilhão - o melhor resultado observado num único mês nos últimos 20 anos.

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