A partir de 1º de junho, o consumidor deverá pagar, no mínimo, 15% do valor total da fatura
Exame - SP
Novas regras para cartão de crédito vão ajudar o BC no combate à inflação
São Paulo - Os diretores do Banco Central vão ganhar um aliado indireto no combate à inflação a partir de 1º de junho, quando entra em vigor a exigência de pagamento mínimo de 15% da fatura do cartão de crédito.
Atualmente, na ausência de uma regra oficial, o mercado adotou informalmente o patamar de 10% dos gastos que devem ser quitados pelos clientes. No mês que vem, o mínimo de 15% passará a ser norma e, segundo resolução do Conselho Monetário Nacional, o percentual subirá para 20% em 1º de dezembro.
Oficialmente, a cartilha do Banco Central diz que o objetivo é "diminuir o risco de superendividamento" das famílias. Porém, é possível prever um efeito secundário na economia. Ao entrar em vigor, essa elevação de 10% para 15% deverá es friar a oferta de crédito à pessoa física e, por tabela, aliviar a inflação.
Quando se olha o estoque total de empréstimos no Brasil, apenas 7,14% são oriundos dos cartões de crédito, segundo dados do Banco Central referentes a março. Porém, um levantamento feito pela LCA Consultores mostra que a participação desse tipo de operação no consumo mais do que dobrou na década passada (veja gráfico na próxima página).
"Os cartões de crédito já representam 14,1% do consumo total das famílias", salienta Douglas Uemura, economista da LCA. "Com a nova exigência (de pagamento mínimo de 15%), diminui a alavancagem dos consumidores, que terão maior dificuldade de ficar rolando as dívidas."
O economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, avalia que as novas regras terão um papel muito importante para evitar exageros das famílias. "Acaba servindo como uma educação financeira. Quanto a impactos na economia, eles serão secundários, embora não desprezíveis", diz Sardenberg, que menciona a ajuda no combate à inflação. |