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Não há cronograma preestabelecido para cortar juros, diz presidente do BC
Avaliação foi feita pelo presidente da instituição, Ilan Goldfajn, no Senado. Após relatório de inflação, aumentou aposta de corte de juros em outubro.
Fonte: G1 ECONOMIA - 04/10/2016 às 11h10O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, declarou nesta terça-feira (4), durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, que a instituição não tem um "cronograma preestabelecido" para iniciar o processo de "flexibilização da política monetária", ou seja, de corte dos juros.
No fim de setembro, por meio do relatório de inflação, a autoridade monetária estimou que a inflação deve estourar o teto do sistema de metas neste ano, mas também previu que ela deve ficar mais próxima da meta central de 4,5% em 2017. Isso aumentou as apostas do mercado financeiro de que a taxa de juros começará a cair já neste mês de outubro.
Ilan Goldfajn afirmou ainda que a velocidade da "desinflação" (queda dos preços) ainda permanece "incerta". Segundo ele, o processo de corte de juros dependerá de fatores que permitam uma "maior confiança" no alcance das metas de inflação.
"Temos conduzido a política monetária [definição dos juros para conter a inflação] com a prudência que o momento requer, de forma a garantir uma desinflação sólida e uma recuperação sustentável, ao mesmo tempo", acrescentou o presidente do Banco Central.
Definição dos juros
Atualmente, a taxa básica de juros da economia brasileira está em 14,25% ao ano - o maior nível em dez anos. A Selic é definida a cada 45 dias nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, tendo por base as metas de inflação definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação que tem mostrado resistência. Porém, os juros altos prejudicam a atividade economica e, consequentemente, inibem a geração de empregos.
Para este ano, para 2017 e para 2018, a meta central foi fixada em 4,5%, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2016, o teto do sistema de metas é de 6,5% e, para os próximos dois anos, é de 6%.
Compromisso do Banco Central
Na audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, Goldfajn, do BC, reafirmou o "firme compromisso do Copom" com o controle da inflação em todo horizonte relevante da política monetária - que abrange anos calendários com metas já definidas pelo CMN (até 2018).
Entre os fatores que permitirão a redução dos juros básicos da economia, o comandante do Banco Central avaliou que está o encaminhamento das reformas fiscais, que visam controlar os gastos públicos, como a proosta de emenda constitucional que institui um teto para as despesas públicas e a reforma da Previdência - ainda não encaminhada ao Congresso Nacional.
"Há sinais positivos em relação ao encaminhamento e apreciação das reformas fiscais. Entretanto, processo de tramitação ainda está no seu inicio e as incertezas permanecem. As reformas são relevantes pois têm impacto sobre o balanço de riscos e impacto na inflação. O Copom tomam decisões com base em avaliações subjetivas, mas calcadas em evidencias solidas sobre os fatores relevantes", acrescentou Goldfajn.
Em sua visão, uma ecomonia que tem gasto 6% ao ano acima da inflação por décadas precisa lidar com o crescimento dos gastos. "Precisamos entender que os gastos, no começo da década de 80 e 90, foram financiados com hiperinflação, em meados da decada de 90 com aumento da carga tributária, e não que queremos aumentar os gastos por meio da alta da dívida", disse Goldfajn.
Segundo ele, o Banco Central não está utilizando a taxa de câmbio (mantendo-a mais baixa) para controlar a inflação. "Se quisesse fazer isso, não tinhamos baixado o estoque de swaps [contratos atrelados à variação do dólar] como estamos fazendo", afirmou.