No Brasil, as posições se invertem e alterações
regulatórias, dado o histórico recente de intervenção estatal em diversos
setores, assume a ponta entre os grandes receios das companhias. Em segundo
lugar o ranking local repete o global e coloca a desaceleração econômica como a
maior preocupação após a insegurança legal. O terceiro maior medo das
corporações brasileiras é o dano à marca ou reputação.
A percepção de que o medo de mudanças repentinas e não previstas nas regras tem
afastado investidores motivou o Ministério da Fazenda a sugerir a criação de um
seguro para dar segurança a estrangeiros que aportarem recursos em projetos de
infraestrutura. A ideia seria tranquilizar investidores ante a perspectiva de
riscos regulatórios que podem comprometer a rentabilidade no longo prazo.
Para René Martinez, sócio e líder do setor de riscos para Brasil e América do
Sul da consultoria EY, o resultado da pesquisa reflete o ambiente que o Brasil
vive hoje. "O temor regulatório depende da situação política",
afirma. Segundo o executivo, há vários riscos que ainda são vistos como ameaças
menores, mas que devem ganhar relevância nos próximos anos. Martinez cita a
proteção cibernética entre os principais. "Esse problema tem se acirrado e
hoje não tenho certeza se as organizações têm a segurança que deveriam
ter."
O diretor de gestão de risco da Aon, Alexandre Botelho, também chama a atenção
para o perigo cibernético crescente. "Trata-se de uma corrida pelos dados
entre duas partes, os hackers contra os governos e empresas", diz. Entre
as ameaças ainda subestimadas, o executivo inclui as mudanças climáticas. Conforme
Botelho, o perigo é percebido, mas o impacto não tem sido dimensionado. "É
um risco que pode mudar toda a matriz agrícola e a
evolução de doenças e pragas", considera. O diretor da Aon chama atenção
ainda para o terrorismo, que ameaça se espalhar e "torna- se algo em
maior escala".
Em termos de horizonte de riscos no mercado de capitais brasileiros, o
professor do IbmecRJ, Antonio Marcos Duarte Júnior, aponta para o
endividamento em moeda estrangeira de empresas como uma preocupação no médio prazo.
"Eu veria como muito importante no momento atual qual vai ser o desfecho
da sobrevalorização cambial que tivemos recentemente", diz.
Entre os riscos a serem monitorados, Duarte Jr acrescenta o dano à reputação do
mercado de capitais brasileiro por conta do escândalo da Petrobras e das
incertezas atuais. "As pessoas se sentirão confortáveis em colocar sua poupança
em empresas como a Petrobras? Mercado de capitais que gere dúvidas para a
segurança de investimentos é muito ruim para o país no longo prazo."
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