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Mudanças regulatórias são a maior ameaça no Brasil

08/10/2015 às 09h54


Para qualquer empresa, potenciais obstáculos estão em toda a parte. Não raro, um risco pode impactar um setor inteiro da economia. Lançada a cada dois anos, a pesquisa Global Survey, da consultoria e seguradora Aon, especializada em gestão de riscos, revela o que o mundo corporativo de 60 países mais teme no momento. A edição 2015 do estudo mostra que "danos à marca" lidera o ranking global de perigos ao negócio, seguido de "desaceleração econômica" e "alterações regulatórias".



No Brasil, as posições se invertem e alterações regulatórias, dado o histórico recente de intervenção estatal em diversos setores, assume a ponta entre os grandes receios das companhias. Em segundo lugar o ranking local repete o global e coloca a desaceleração econômica como a maior preocupação após a insegurança legal. O terceiro maior medo das corporações brasileiras é o dano à marca ou reputação.



A percepção de que o medo de mudanças repentinas e não previstas nas regras tem afastado investidores motivou o Ministério da Fazenda a sugerir a criação de um seguro para dar segurança a estrangeiros que aportarem recursos em projetos de infraestrutura. A ideia seria tranquilizar investidores ante a perspectiva de riscos regulatórios que podem comprometer a rentabilidade no longo prazo.



Para René Martinez, sócio e líder do setor de riscos para Brasil e América do Sul da consultoria EY, o resultado da pesquisa reflete o ambiente que o Brasil vive hoje. "O temor regulatório depende da situação política", afirma. Segundo o executivo, há vários riscos que ainda são vistos como ameaças menores, mas que devem ganhar relevância nos próximos anos. Martinez cita a proteção cibernética entre os principais. "Esse problema tem se acirrado e hoje não tenho certeza se as organizações têm a segurança que deveriam ter."



O diretor de gestão de risco da Aon, Alexandre Botelho, também chama a atenção para o perigo cibernético crescente. "Trata-­se de uma corrida pelos dados entre duas partes, os hackers contra os governos e empresas", diz. Entre as ameaças ainda subestimadas, o executivo inclui as mudanças climáticas. Conforme Botelho, o perigo é percebido, mas o impacto não tem sido dimensionado. "É um risco que pode mudar toda a matriz agrícola e a
evolução de doenças e pragas", considera. O diretor da Aon chama atenção ainda para o terrorismo, que ameaça se espalhar e "torna- ­se algo em maior escala".



Em termos de horizonte de riscos no mercado de capitais brasileiros, o professor do Ibmec­RJ, Antonio Marcos Duarte Júnior, aponta para o endividamento em moeda estrangeira de empresas como uma preocupação no médio prazo. "Eu veria como muito importante no momento atual qual vai ser o desfecho da sobrevalorização cambial que tivemos recentemente", diz.



Entre os riscos a serem monitorados, Duarte Jr acrescenta o dano à reputação do mercado de capitais brasileiro por conta do escândalo da Petrobras e das incertezas atuais. "As pessoas se sentirão confortáveis em colocar sua poupança em empresas como a Petrobras? Mercado de capitais que gere dúvidas para a segurança de investimentos é muito ruim para o país no longo prazo."


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