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Moody's vê risco baixo para consignado, apesar de atrasos em Estados

Fonte: VALOR ECONOMICO - 21/10/2016 às 09h10

Os bancos brasileiros resistirão aos crescentes riscos do empréstimo consignado em folha de pagamento apesar dos

problemas enfrentados em alguns Estados que passam por dificuldades financeiras e atrasam o pagamento de salários. A avaliação é da agência de classificação de risco Moody’s.

 

Para a agência, a obrigação dos governos estaduais de pagar salários e a estabilidade no emprego dos funcionários públicos estaduais sustentarão a qualidade do crédito dos financiamentos.


Os empréstimos consignados quase dobraram nos último cinco anos, impulsionadoprincipalmente pelos empréstimos a funcionários públicos, incluindo os que trabalham para os governos estaduais. Eles respondem por 60% do total de R$ 286 bilhões (US$ 88 bilhões) do consignado em circulação, de acordo com a agência.


Os atrasos salariais, que têm ocorrido em Estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minais Gerais, são uma fonte de preocupação para os bancos, segundo a Moody’s. Os empréstimos são pagos por meio de desconto
direto dos salários, o que faz com que qualquer atraso no pagamento dos funcionários públicos estaduais afete o financiamento.


O atraso no pagamento dos salários levou a um aumento na volatilidade dos empréstimos já vencidos entre 15 e 90 dias. "Apesar dessa volatilidade, apenas 2,3% do crédito consignado em folha para funcionários do setor público apresentava atraso superior a 90 dias em agosto de 2016, o que indica que mesmo os Estados em dificuldade têm resolvido a questão do atraso salarial dentro de um prazo de 90 dias", afirma Farooq Khan, analista Moody’s.

 

De acordo com a legislação brasileira, os bancos devem provisionar a parcela em atraso de um empréstimo vencido há pelo menos um dia, o que levou a um aumento nos custos. Em consequência, os bancos elevaram as taxas de
juros para manter as margens e reduziram o financiamento para Estados com dificuldades financeiras.


Modalidade segura
A Moody’s, porém, ainda vê o crédito consignado como uma modalidade de empréstimo segura no Brasil. Para a agência de risco, apenas em um cenário improvável, os níveis de inadimplência referente a atrasos superiores a 90
dias subiriam significativamente, o que forçaria os bancos a reconhecer aumentos substanciais com custos de provisionamento.


Ainda segundo a Moody’s, no caso de alguma medida que venha a reduzir a estabilidade dos servidores do setor público, os bancos certamente enfrentarão um aumento nos riscos relacionados ao crédito consignado.

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