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Mercado acredita que BTG tem caixa para honrar compromissos

26/11/2015 às 10h32



O sinal ficou amarelo para o BTG Pactual. Clientes e banqueiros passaram a monitorar a situação de André Esteves, preso na Lava Jato. Para eles, o destino do banqueiro definirá os rumos do banco que ele criou em 2009.

Três banqueiros consultados e que não quiseram se identificar não veem risco de que a crise no BTG se espalhe para outras instituições, o que é conhecido como risco sistêmico. Segundo eles, o mercado comprou papéis emitidos pelo banco em valor inferior a R$ 17 bilhões, e o banco tem caixa suficiente para pagá-los se necessário.

A percepção do mercado hoje é a de que o problema está restrito ao banqueiro. A situação só ficará complicada para a instituição caso fique comprovado o envolvimento de Esteves na corrupção na Petrobras.

Isso porque boa parte das dívidas do BTG foi contraída em bancos estrangeiros que têm políticas que impedem qualquer tipo de relacionamento com instituições cujos sócios estejam na cadeia.

Infográfico: Por dentro do BGT

Em situações assim, poderia começar uma debandada de clientes e o banco sofreria um encolhimento drástico.

Outro banqueiro, próximo a Esteves, garante que essa situação é improvável. Para ele, mesmo que se comprove o envolvimento, haveria um debate entre os sócios sobre a saída de Esteves para preservar o BTG. O banco não tem um acordo de acionistas prevendo a saída automática de um sócio em situações de risco para a instituição, como ocorre em outras empresas.

Na noite desta quarta (25), no entanto, a agência de classificação de risco Moody's colocou em revisão a nota do BTG com possibilidade de rebaixamento, sob o argumento de que a prisão de Esteves poderá ter impacto na relação do banco com seus clientes e parceiros.

A Moody's, por outro lado, afirma que o banco tem uma boa quantidade de ativos que poderiam ser vendidos com facilidade e assim compensar eventuais dificuldades de captação de recursos no mercado.

RESPOSTA RÁPIDA

Para sinalizar ao mercado que o banco não ficará sem comando, Persio Arida, que também é sócio, foi nomeado presidente interino. O problema é que, no mercado, a figura do banco se confunde com a do banqueiro.

Desde que foi criado, o BTG passou a investir em áreas de negócios que refletem as ideias do próprio Esteves.

Ainda segundo os banqueiros consultados, graças a elas, o banco passou da 12ª posição na lista das maiores instituições do Banco Central em ativos totais para a 7ª, em sete anos.

Quando surgiu, o BTG era aproximadamente do mesmo tamanho do Credit Suisse, um dos maiores bancos de investimento do país. Ambos tinham cerca de R$ 21 bilhões em ativos naquele momento. Hoje, o BTG tem R$ 154 bihões em ativos totais, segundo o BC. O Credit Suisse se manteve no mesmo patamar.

A rápida expansão se deve ao estilo arrojado de Esteves. Sua visão de oportunidade de negócio levou a instituição a se expandir para o Chile, Peru, Colômbia, México e a comprar um banco na suíça.

A ascensão atraiu grandes empresas, que procuravam a instituição para fazer fusões ou aquisições ou lançar papéis no mercado. Esteves sempre foi visto como um "Midas", uma alusão ao rei grego que transformava em ouro tudo o que tocava.

O banco também passou a fazer operações com commodities e até energia, colecionando um cardápio de negócios incomum no setor.

O BTG Pactual tem 5,9% de ações do UOL, empresa do Grupo Folha, que edita a Folha.

A situação começou a mudar quando o BTG entrou em operações turbulentas, como a operadora de telefonia Oi e a empresa de sondas Sete Brasil, ambas em dificuldades financeiras. A fama deu lugar à desconfiança.

Colaborou DAVID FRIEDLANDER





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