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Lula diz que Dilma fez pedaladas para manter programas sociais

14/10/2015 às 10h05

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que a presidente Dilma Rousseff fez as pedaladas fiscais para pagar o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, duas das principais marcas da gestão petista. Segundo Lula, o governo deveria justificar à população que a medida fiscal foi adotada para manter os programas sociais.


Ao participar da abertura do 1º congresso nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores, em São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente disse que Dilma tem sido atacada "por conta de umas pedaladas" e cobrou uma resposta do governo, ao fazer um comentário ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias.


"Não conheço o processo, mas uma coisa, Patrus, que vocês têm que falar é que talvez a Dilma, em algum momento, tenha deixado de repassar o Orçamento para a Caixa [Econômica Federa], não sei para quem, por conta de algumas coisas que não tinham dinheiro. E quais eram as coisas que a Dilma tinha que pagar? Ela fez as pedaladas para pagar o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida", disse Lula, durante o evento.


Em busca de apoio dos movimentos sociais para defender a gestão Dilma, o ex-presidente afirmou que o Minha Casa, Minha Vida, voltado para a população de baixa renda, "tem um forte subsídio do governo" e que sem isso "as pessoas que ganham pouco jamais poderão ter uma casa". Lula disse ainda que a crise econômica de 2008 "já consumiu mais de US$ 10 trilhões para salvar o sistema financeiro".


À plateia de trabalhadores rurais, reunida em seu berço político, Lula deu um recado à presidente e disse que sua sucessora precisa sair do gabinete e ir para as ruas, para ter apoio popular. "Quando a gente governa e as coisas não estão muito bem, não tem outro remédio senão a gente ir ao encontro do povo para recebe oxigênio novo, para ganhar nova força, novas motivações para que faça sentido a gente governar", afirmou o ex-presidente. Lula reuniu-se ontem com Dilma e dirigentes petistas na capital paulista, pouco antes da abertura do Congresso Nacional da CUT, para debater a estratégia do governo contra a tentativa de impeachment, articulada pela oposição, que tem como principal argumento exatamente as chamadas "pedaladas fiscais" feitas em 2014. Dilma tratou do assunto com o núcleo político do governo nos últimos quatro dias.


Em um encontro com dirigentes sindicais estrangeiros, durante a abertura do Congresso, Lula reafirmou que a crise é mais política do que econômica. Ao falar sobre a crise internacional, Lula disse que não é possível "terceirizar a política". A entrevista de Lula foi fechada à imprensa, mas a CUT publicou trechos das declarações em seu site.


"O problema que vivemos hoje é mais político que econômico. Já vivemos crise muito maior que essa", afirmou Lula, segundo relato publicado pela central sindical. "Um país com 200 milhões de habitantes precisa acreditar em seu mercado interno".


Lula disse ainda que Dilma enfrenta mais preconceito do que ele na Presidência da República. "Pensei que o preconceito era contra homem e nordestino no país, mas o preconceito demonstrado contra Dilma é muito maior do que aquele demonstrado contra mim", afirmou na entrevista com dirigentes sindicais de outros países. Também participa do congresso sindical o ex-presidente uruguaio José Mujica.



     


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