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Lucro dos maoires bancos sobe 17%

14/08/2015 às 12h09

Em tempos de crise e de crédito em retração real, foi a expansão das margens que deu fôlego ao avanço dos lucros dos maiores bancos brasileiros listados em bolsa. A deterioração dos índices de inadimplência, no entanto, ofuscou o desempenho da última linha dos balanços e acabou pesando sobre as ações das instituições financeiras nas duas últimas semanas.

Juntos, Santander, Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco terminaram o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 15,1 bilhões, 17% maior que o total reportado no mesmo período de 2014. A soma, no entanto, considera o resultado ajustado do Santander, que exclui um impacto positivo, não recorrente, trazido pela reversão de uma provisão fiscal, efeito que contribuiu para aumentar o lucro do banco espanhol em quase oito vezes. Considerando o resultado contábil do Santander, que inclui o ganho extraordinário, o lucro do quarteto teria crescido 44,2%, para R$ 17,346 bilhões (ver gráfico ao lado).

Os ganhos foram diretamente influenciados pela elevação na taxa básica de juros. As linhas de crédito ficaram mais caras de forma generalizada e os resultados de operações de tesouraria também avançaram. Os bancos também conseguiram garantir mais receitas com prestação de serviços e tarifas e continuaram a enxugar despesas.

O que não quer dizer, porém, que os bancos foram imunes à piora na economia brasileira. O crescimento do crédito, quando houve, foi pequeno, com os empréstimos a pequenas e médias empresas em retração generalizada. Ao todo, o saldo de crédito nessas instituições avançou 9,4% no trimestre, ante igual período de 2014.

Pior, a inadimplência surpreendeu negativamente na maior parte dos casos e o tema dominou os questionamentos dirigidos aos bancos. A preocupação com calotes foi o principal fator a pressionar as ações dos bancos nas duas últimas semanas, desde que o Bradesco abriu a temporada de resultados. O noticiário político, o preço que o Bradesco pagou pelo HSBC Brasil e a possibilidade de aumentos ainda maiores de impostos cobrados dos bancos também contribuíram para as quedas. No pregão de ontem, após a divulgação do BB, a ação do banco recuou 4,36%; Bradesco caiu 1,49%, Itaú, 2,48%, e Santander, 2,63%.

Foram as empresas que puxaram a deterioração dos pagamentos. O índice de inadimplência de pessoa jurídica subiu nos quatro bancos, em geral graças a companhias de maior porte. O movimento era em parte esperado, depois do forte incremento em provisões para devedores duvidosos visto no primeiro trimestre. Mas a magnitude, em alguns casos, surpreendeu.

As instituições, no entanto, justificaram as perdas nesse terreno como algo pontual, resultado de casos específicos e já no radar dos bancos. "O nosso índice de cobertura e a inadimplência foram afetados por alguns casos específicos no segmento de corporate que já tinham rating mais baixo e já tinham provisão, mas entraram em atraso no trimestre", disse o diretor de relações com o mercado do Bradesco, Carlos Firetti. Para os próximos trimestres, o banco da Cidade de Deus prometeu "razoável estabilidade" para o indicador.

Analistas e investidores, porém, se mostraram céticos a respeito de uma melhora nos calotes, considerando que não há qualquer previsão de melhora na economia, tampouco de um abrandamento da crise política. Os efeitos do desemprego sobre o crédito pessoa física é outra preocupação para o segundo semestre.

Durante teleconferência de resultados do Itaú, seu diretor de relações com investidores, Marcelo Kopel, disse esperar uma "leve subida" na taxa de inadimplência até o fim do ano, tanto em grandes empresas como na pessoa física. Na instituição financeira, a piora na inadimplência das empresas no trimestre foi atenuada pelo fato de o banco ter tirado de seu balanço uma operação de crédito de R$ 1,08 bilhão "referente a um grupo econômico específico" que tinha baixa chance de recuperação.

Já o Santander disse que a piora na inadimplência é um movimento natural no atual cenário econômico. "Vemos uma leve deterioração na inadimplência, mas isso é um movimento normal por conta do impacto do cenário econômico", disse o diretor de relações com investidores, Angel Santo domingo. A taxa de calotes do banco subiu 0,2 ponto percentual no trimestre, mas recuou 0,9 ponto na comparação anual.

O BB encerrou o trimestre com estabilidade na taxa de inadimplência total, embora tenha registrado um leve aumento no percentual de atrasos de suas empresas. O presidente do banco, Alexandre Abreu, disse na apresentação dos resultados que vai "trabalhar forte" para que o índice fique estável.

Em termos do retorno sobre patrimônio, Itaú e Bradesco tiveram os melhores indicadores, com 24,8% e 20,9%. No BB foi de 14,2%, e no Santander, 12,8%, considerando dados ajustados.



     


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