O ministro se limitou a dizer que o relatório “vai refletir a realidade”. Segundo ele, o que se pode esperar é uma avaliação “lúcida e serena da situação com orientação das medidas cabíveis”.
“O relatório vai dar um mapa da estratégia (...). A gente continua tendo uma estratégia fiscal, que responde às circunstâncias, mas garante os nossos objetivos (...). A economia desacelerou, não tanto por causa do impacto do ajuste. São outras coisas, coisas que já vinham. E aí a gente está tomando as medidas cabíveis para a travessia”, disse.
Mudança da meta não seria fim do ajuste fiscal, diz Levy
Questionado se o governo irá reduzir a meta de superávit primário deste ano, fixada em 1,13% do Produto Interno Bruto (PIB), o ministro evitou se posicionar. "Não há nada que seja o caso de eu mencionar agora”, afirmou.
Segundo Levy, uma eventual mudança na meta de superávit primário deste ano não representaria o fim do ajuste fiscal.
“Qualquer coisa que a gente faça tem que ser no contexto de a gente continuar construindo as condições para o crescimento (...). Não pode ter a ilusão de que mudar a meta significa que acabou o ajuste, é o contrário, vamos ter que continuar fazendo ajuste e acelerar as medidas de crescimento”, completou.
Sobre o cenário econômico atual, Levy disse que o governo vai “responder com vigor e realismo”.
O superávit primário é o dinheiro que “sobra” nas contas do governo depois de pagar as despesas, exceto juros da dívida pública. Por isso, o superávit é conhecido como a economia para pagar os juros.
Uma fonte da equipe econômica disse à agência de notícias Reuters que o governo estuda novo bloqueio adicional de gasto entre R$ 8 bilhões e R$ 15 bilhões.
Arrecadação em queda
Com a arrecadação em queda por uma economia debilitada e gastos em nível elevado, o governo enfrenta grande dificuldade em cumprir o alvo fiscal no ano. Em 12 meses encerrados em maio, o setor público registrou déficit primário de 0,68% do PIB.
No acumulado do primeiro semestre, ainda de acordo com dados oficiais, a arrecadação totalizou R$ 607,20 bilhões – com queda real de 2,87% frente ao mesmo período do ano.
Além de aumentar tributos, o governo também atuou na limitação de benefícios sociais, como o seguro-desemprego, o auxílio-doença, o abono salarial e a pensão por morte, medidas já aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pela presidente da República. Além disso, também quer elevar tributos sobre a folha de pagamentos - revertendo parcialmente a desoneração autorizada nos últimos anos.