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Justiça manda banco interromper cobrança de empréstimo após golpe

Aposentada, moradora do Boqueirão, teve prejuízo superior a R$ 43 mil

Fonte: A Tribuna - 04/11/2016 às 09h11

Vítima de um golpe em janeiro que lhe trouxe um prejuízo financeiro superior a R$ 43 mil, uma aposentada de 73 anos, moradora do Boqueirão, em Santos, conseguiu, na semana passada, uma liminar que suspende o pagamento mensal dos quatro empréstimos feitos pelo estelionatário por meio de sua conta bancária. 
 
Antes de acionar um advogado, a vítima havia feito um pedido administrativo ao banco para não arcar com as despesas feitas pelo criminoso. Contudo, o banco recusou o pedido. 
 
O pesadelo da aposentada, que prefere não se identificar, começou quando, nos primeiros dias do ano, um homem telefonou para sua casa e apresentou-se como funcionário do banco onde ela tem conta. 
 
“O bandido tinha a voz do meu gerente e falou todos os números dos meus documentos. Disse que, por causa do meu cartão de crédito, eu ganharia uns prêmios de utilidades domésticas. Confesso que não desconfiei de nada e me empolguei com os objetos que receberia”, explica ela.
 
Porém, para que realmente ganhasse os produtos, a aposentada precisaria atualizar o seu cartão bancário. “O suposto gerente disse que me mandaria um novo cartão com letras e números maiores para facilitar a leitura. Além disso, disse que outro funcionário do banco passaria na minha casa para buscar o cartão que vinha usando junto com a minha senha”, relembra a vítima. 
 
Sabiam onde mora 
 
Sem passar seu endereço, a aposentada recebeu a visita de um suposto bancário, conforme tinha sido avisada pelo telefone. 
 
“Nem cheguei a vê-lo. Pedi para que a minha empregada entregasse o cartão com a senha. Ela ainda me alertou, mas eu estava convencida de que se tratava do meu gerente, devido à semelhança na voz e ao fato de conhecer todos os meus dados”, relata.
 
Passados alguns dias sem ir ao banco, a vítima foi novamente procurada pelo golpista. “Ele queria saber se eu havia retirado os meus prêmios. Expliquei que não, mas ligaria no banco. Todo atencioso, o bandido pediu para não se preocupar que ele resolveria a entrega”, diz a aposentada. 
 
Ilusão: o que o estelionatário queria mesmo era saber se ela já tinha tomado ciência do golpe. 
 
Desconfiada por não receber nada em casa, a vítima compareceu à agência e conversou com uma funcionária.
 
“Foi então que ela me avisou de quatro empréstimos feitos no meu nome. Cancelei o cartão imediatamente e fiz o pedido administrativo, que foi negado. Fui obrigada a começar a pagar as parcelas mensais dos empréstimos feitos pelo bandido”. 
 
Idade da vítima elevou risco 
 
Inconformada, a aposentada acionou, em maio, o advogado Maurício Cury, do escritório Cury e Moure Simão. Ele deu entrada a um pedido de liminar na 2ª Vara Cível de Santos solicitando a suspensão do pagamento das mensalidades. 
 
“Além de todo o transtorno financeiro, a gerente desaconselhou a aposentada a registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil, sob a alegação de que o processo de investigação feito pelo banco não utilizaria o documento”, revela Cury.
 
A liminar foi concedida no dia 26 pelo juíz Claudio Teixeira Villar, que, em sua decisão, ponderou que a idade da autora é uma “fase da vida na qual muitas vezes se está distante da realidade dos serviços virtuais, e que não raras vezes (se) é alvo de pessoas especializadas na aplicação de golpes”.
 
Ressarcimento
 
Com a decisão, o advogado da vítima citará o banco para que se defenda. Se a Justiça der ganho de causa à vítima, ela terá restituídos os R$ 43,9 mil de prejuízo e as parcelas descontadas antes da suspensão do pagamento. O banco também poderá ter de indenizar a aposentada por danos morais. 
 
“Espero que as pessoas, principalmente os idosos, usem o meu caso como exemplo e fiquem em alerta para não terem prejuízos. A semelhança com a voz do meu gerente e os prêmios oferecidos me fizeram cair neste golpe”, conclui ela, que aguarda pelo desfecho do processo para saber quando receberá o dinheiro.

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