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Juros recuam com dados do varejo

15/07/2015 às 10h48

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram ontem na BM&F reagindo aos dados fracos de vendas no varejo e recuo das taxas dos títulos do Tesouro americano (Treasuries) no exterior.

A queda de 0,9% das vendas no varejo em maio na comparação com abril reforçou as apostas de que o ciclo de aperto monetário está próximo do fim, dada a debilidade da atividade econômica. O resultado foi pior do que a média estimada pelo Valor Data, que era de contração de 0,1%.

Com isso, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2016 fechou estável a 14,04%, enquanto o DI para janeiro de 2017 recuou de 13,56% para 13,53%. Já o DI para janeiro de 2021 fechou a 12,59% ante 12,60%, acompanhando a queda das taxas dos Treasuries.

No gráfico formado com as taxas embutidas nos diversos contratos de DI, a maior probabilidade era de alta de 0,5 ponto percentual da Selic na reunião de julho, mas a aposta em um aumento de 0,25 ponto cresceu nos últimos dias. "Se o BC de fato planeja desacelerar o ritmo de alta na próxima reunião ele deve começar a mudar o discurso. Até agora a comunicação do BC tem indicado a manutenção do ritmo de alta", afirma Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos.

O mercado ainda acompanha a discussão sobre eventual mudança da meta de superávit fiscal. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou ontem que, ao menos por enquanto, a meta de superávit primário segue em 1,1% do PIB. De acordo com ele, o governo deve se manifestar sobre o tema próxima semana.

Com o objetivo de arrecadar recursos para permitir a implementação da reforma do ICMS principal tributo cobrado pelos Estados o governo publicou ontem a medida provisória que permite a repatriação de recursos de brasileiros no exterior que não foram declarados à Receita Federal.

Esses recursos seriam utilizados na criação de dois fundos para compensar os Estados de perdas com a reforma do ICMS.

Contudo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ), afirmou que não votará a proposta do senador Randolfo Rodrigues (PSOLAP), base para a MP, destacando que o governo deveria enviar um projeto de lei próprio com urgência constitucional.

Apesar de o mercado não esperar que um grande volume derecursos retorne ao Brasil, a dificuldade de aprovação da medida reacende dúvidas sobre o ajuste fiscal.

Ontem, o dólar subiu 0,25% cotado a R$ 3,1386, descolando do movimento de desvalorização da moeda americana no exterior.

Estudo do Banco Mundial aponta que os brasileiros mantêm cerca de US$ 500 bilhões no exterior não declarados. Estimativas indicam que até US$ 100 bilhões poderiam voltar ao país, e o governo prevê recolher entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões com a iniciativa. Mas analistas não acreditam que todo esse dinheiro será repatriado.

Para o diretor de câmbio da corretora NGO, Sidnei Nehme, a MP não oferece a segurança jurídica para que esses recursos retornem ao país. "O momento não é adequado para trazer o dinheiro para o Brasil. Pode-se questionar a origem desses recursos", afirma.

Além disso, o tributo é considerado alto. Pela proposta, quem repatriar o dinheiro será tributado em 17,5% além de pagar uma multa, totalizando 35%do patrimônio regularizado.




     


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