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Juro futuro recua com aposta crescente de selic 14,25%

24/11/2015 às 09h45


A crescente expectativa de que a piora da atividade econômica deve levar o Banco Central a manter a taxa Selic estável no ano que vem sustentou a queda das taxas dos contratos futuros de juros ontem na BM&F, a despeito da alta do dólar e da deterioração das expectativas de inflação. Investidores aguardam a decisão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira, que pode trazer novas sinalizações sobre os próximos passos do BC.


A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 recuou de 15,21% para 15,07% na BM&F. O DI para janeiro de 2021 caiu de 15,27% a 15,21%.


A trégua na tensão política, que permitiu algumas vitórias do governo na aprovação de medidas de ajuste fiscal, e o cenário de enfraquecimento da atividade econômica abrem espaço para uma redução dos prêmios de risco na curva de juros que ainda embute uma alta de 1,16 ponto da Selic em 2016 , a despeito da piora das expectativas de inflação. "A curva de juros já embute um prêmio de risco significativo e, por isso, as taxas cederam", afirma Rogério Braga, sócio e gestor da Quantitas.


Segundo Braga, vários dos fatores que sustentavam o prêmio de risco na curva de juros, como as expectativas crescentes de impeachment da presidente Dilma Rousseff, se dissiparam ou foram atenuados. Além disso, a perspectiva de que o processo de alta de juros nos Estados Unidos deve ser gradual contribuiu para reduzir a pressão de alta do dólar frente às divisas emergentes, com a moeda americana acumulando queda de 3,28% em novembro frente ao real apesar da alta registrada ontem.


De qualquer forma, as expectativas de inflação seguem subindo. A pesquisa Focus, divulgada ontem pelo BC, apontou que a mediana das expectativas de inflação para 2016 já supera o teto da meta, de 6,5%, tendo passado de 6,50% para 6,64%. Já a mediana da projeção para o PIB passou de retração de 3,10% para queda de 3,15% neste ano, e recuo de 2,01% em 2016.


A forte elevação do IPCA projetado para os próximos 12 meses vem promovendo a queda da taxa real de juros. Calculada a partir do swap de juros de 360 dias, que está 15,05%, e descontando o IPCA de 7,13% projetado para 12 meses no Focus, a taxa real de juros cai a 7,39%, menor leitura desde o começo de junho. No fim de setembro, a taxa estava próxima de 9,4%.


Em tese, quanto menor o juro real, menos restritas as condições monetárias, o que por um lado favorece o crescimento, mas dificulta o controle da inflação.


A mediana das projeções para a taxa Selic para 2016 na pesquisa Focus passou de 13,25% para 13,75%, com os economistas prevendo corte de 0,5 ponto da atual taxa básica de juros, hoje em 14,25%, no ano que vem.


"O nosso cenário é de manutenção da taxa básica de juros. Na nossa visão, o BC acredita que enquanto a parte fiscal não se resolver o risco não vai se dissipar, o que impacta as expectativas de inflação. Além disso, com a atividade desmoronando, a autoridade monetária acredita que em algum momento isso deve ter efeito na inflação", diz Braga.


Ontem, o dólar registrou apreciação de 0,94%, para R$ 3,7343, acompanhando o exterior, com os investidores corrigindo parte da queda verificada na semana passada. (Colaborou Eduardo Campos, de Brasília)



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