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Itaú prepara cessão recorde de R$ 4,4 bi em crédito imobiliário
04/10/2013 às 10h30
Itaú prepara cessão recorde de R$ 4,4 bi em crédito imobiliário 04/10/2013 às 00h00 Por Felipe Marques e Vinícius Pinheiro | De São Paulo O Itaú Unibanco prepara a maior operação de cessão de créditos imobiliários já realizada no mercado de capitais brasileiro, no valor de até R$ 4,376 bilhões. A operação será realizada com a emissão de certificados de recebíveis imobiliários (CRI). Os títulos possuem lastro em financiamentos habitacionais concedidos pelo banco a pessoas físicas. A operação chamou a atenção do mercado, não apenas pelos volumes envolvidos, mas porque apenas uma pequena parte desse valor será efetivamente vendida a investidores. Os CRI serão emitidos em duas séries. A primeira, no valor de R$ 3,290 bilhões e protocolada ontem na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), tem o próprio Itaú como único investidor. Conforme apurou o Valor, a operação foi a forma usada pela instituição para cumprir a exigência de aplicação mínima de 65% dos depósitos da caderneta de poupança em financiamentos imobiliários. Historicamente, os bancos privados têm dificuldade em alcançar essa meta, apesar do crescimento dos empréstimos para a compra da casa própria nos últimos anos. Até a semana passada, o preço máximo de imóveis que podiam ser financiados com recursos da caderneta era de R$ 500 mil. O Itaú, porém, conta com uma relevante base de créditos concedidos a imóveis de valor superior, que não podiam ser usados no limite estabelecido pelo Banco Central. Foram esses empréstimos que o banco empacotou nos CRI, segundo uma fonte. Pela regra do BC, a compra de títulos com lastro em créditos imobiliários também pode ser usada para atender a exigência dos 65%. Procurado, o Itaú alegou estar em período de silêncio e não comentou o assunto. Uma outra série da emissão de CRI, no valor de R$ 1,085 bilhão, será vendida a investidores no mercado de capitais. Os títulos que serão colocados à venda terão um prazo de 38 meses e renderão juros equivalentes a 93% da taxa interfinanceira (CDI). O investimento em CRI tem isenção fiscal para pessoas físicas. A oferta será coordenada pelo Itaú BBA e os papéis emitidos pela securitizadora Ápice. A venda de créditos imobiliários a investidores na forma de CRI é uma das alternativas para que os bancos possam seguir concedendo empréstimos habitacionais quando os recursos da poupança forem insuficientes para atender a demanda. Projeções atuais dão conta de que isso pode ocorrer por volta de 2016. Na segunda-feira, o governo aprovou o aumento do limite do valor de imóveis que podem ser financiados com recursos da caderneta para R$ 750 mil, o que deve contribuir para ampliar os empréstimos. Enquanto o cenário de escassez de funding não se concretiza, o BC vem tentando estimular a venda de carteiras com a emissão de CRI. A autoridade permite que, mesmo após a cessão, os bancos continuem a usar os créditos cedidos para cumprir o limite de 65% por três anos. As instituições vêm testando aos poucos esse mecanismo. Em 2011, a Caixa Econômica Federal realizou uma venda de R$ 233 milhões em CRI a investidores. Outra linha disputada pelas instituições é a do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que anualmente destina até R$ 2,5 bilhões para a compra de CRI com lastro em carteiras imobiliárias de bancos. O principal atrativo é o custo baixo exigido pelo fundo, equivalente à variação da TR mais 6,38% ao ano. Pelas regras do FGTS, porém, a maior parte dos recursos vai parar na Caixa, que neste ano deve levar aproximadamente R$ 2 bilhões da linha. O saldo de emissões de CRI no mercado brasileiro encerrou agosto em R$ 35,4 milhões, de acordo com dados da Cetip, que concentra o registro dos títulos. O volume representa um crescimento de 18% em relação ao mesmo período do ano passado. (Colaborou Carolina Mandl)
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