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Ibovespa avança 6% e supera 50 mil pontos com impeachment; bancos batem 14% e juros caem

Índice Bovespa ganhou 6,6%, a maior alta desde janeiro de 2009

Fonte: ADVFN - 18/03/2016 às 11h03

Em pregão marcado pela agitação do noticiário político e a tensão com protestos e confrontos pelo país de grupos contra e a favor do governo, o Índice Bovespa ganhou 6,6%, a maior alta desde janeiro de 2009, voltando para os 50.913 pontos, o maior nível desde 22 de julho do ano passado. Com a alta de hoje, o Ibovespa acumula alta de 2,57% na semana e 22,30% em um mês, reflexo da expectativa do mercado de mudanças no comando do país e da economia, com um possível processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Hoje, a Câmara criou a comissão que vai analisar os pedidos de impeachment contra a presidente, dando início ao processo.

Qualquer sinal de enfraquecimento da presidente acaba tendo reflexos positivos na bolsa, no dólar e nos juros. O volume financeiro negociado na BM&FBovespa somou R$ 12,8 bilhões, quase o dobro da média diária de 2015, de R$ 7,3 bilhões, o que também mostra animação dos investidores.

E hoje foi um dia cheio de idas e vindas no cenário político. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Casa Civil, apesar das muitas manifestações populares contra a decisão desde ontem, mas logo em seguida foi divulgado um pedido de suspensão da nomeação pela Justiça. O mercado também refletiu a formação da comissão do impeachment na Câmara, a toque de caixa, e as discussões sobre a validade dos áudios de conversas entre Lula e a presidente Dilma Rousseff, captados a pedido do juiz da Lava Jato, Sérgio Moro. De acordo com dados recentes levantados pela força-tarefa de procuradores que atua na Lava Jato, os desvios na Petrobras envolvem cerca de R$ 6,4 bilhões em propina.

Diante do cenário, analistas consideram cada vez mais provável um fim antecipado do governo Dilma. Na análise da MCM, diante da atual crise política, Michel Temer deverá assumir a Presidência em pouco mais de 30 dias com condições de governabilidade muito indefinidas nesse terreno minado no qual se transformou a política brasileira.

BB sobe 14% e Bradesco, 13%

Com importante peso no índice acionário, as instituições financeiras registraram altas de até 14%. As ações ordinárias (ON, com voto) do Banco do Brasil subiram 14,37%, com os papéis preferenciais (PN, sem voto) do Itaú Unibanco, 10,92%, Bradesco PN, 13,03%, e as units (recibo de ações) do Santander, 8,73%.

Mas o mercado brasileiro também foi ajudado pela melhora de humor no exterior e pela alta do petróleo. Apoiados na valorização do petróleo no mercado internacional, os papéis ON da Petrobras subiram 8,75% e os PN, 12,03%. Também em alta, Vale ON e PNA ganharam 4,59% e 3,70%, respectivamente. A Guide Investimentos destaca em relatório a informação de que a mineradora “poderá reduzir à metade sua produção de minério de ferro em Minas Gerais, caso não obtenha licenças para alguns projetos”.

CSN avança 18%; apenas quatros baixas no Ibovespa

Desconsiderando o desempenho dos bancos e da Petrobras, as maiores altas do índice foram puxadas por CSN ON, 18,18%, Rumo Logística ON, 9%, Gerdau Metalúrgica PN, 11,36%, e BB Seguridade ON, 10,91%.

Na ponta negativa, as únicas quatro baixas do Ibovespa no dia ficaram com as companhias exportadoras, prejudicadas pela desvalorização da divisa americana. Foram elas: Suzano Papel PNA, 4,49%, Fibria ON, 3,94%, Embraer ON, 3,16%, e Klabin unit, 0,56%.

EUA ganham; Europa tem dia sem tendência e petróleo volta aos US$ 40

Os investidores americanos repercutiram hoje o resultado do índice de atividade, medido pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) da Filadélfia para a região. O indicador passou para 12,4 em março, na comparação com -2,8 em fevereiro. Além disso, os pedidos de auxílio desemprego aumentaram de 259 mil para 265 mil na semana até 12 de março, contra uma expectativa de 268 mil para o período. O Dow Jones fechou com alta de 0,90%, o S&P 500, de 0,66%, e o índice da Nasdaq, de 0,23%.

Já na zona do euro, o Stoxx 50, dos 50 papéis mais líquidos do bloco, caiu 0,62%, assim como o francês CAC, 0,45%, e o alemão DAX, 0,91%. Na contramão, o britânico Financial Times subiu 0,42%. Na região, o índice de preços ao consumidor em fevereiro melhorou 0,2%, depois de recuar 1,4% em janeiro. Uma vez mais, o petróleo WTI, negociado em Nova York, teve significativos avanços, com ganhos de 4,60%, para US$ 40,23, e o Brent, de Londres, avançou 2,68%, para US$ 41,41.

Juro longo recua e dólar cai para R$ 3,65; BC revê swaps

No fim do dia, as projeções de juros futuros caíram fortemente, especialmente nos prazos mais longos. Para 2017, a taxa projetada passou de  13,77% ao ano para 13,72%. Para 2018, as taxas passaram de 13,77% para 13,53% e, para 2019, de 14,24% para 13,74%, uma retração fortíssima para esse tipo de ativo. Finalmente, os juros mais longos, válidos até 2021, recuaram de 14,58% para 14,06%.

Como nos últimos dias, o dólar comercial seguiu em baixa, com queda de 2,32%, para R$ 3,65 na venda, seguido pelo dólar turismo, que caiu 4,28%, vendido a R$ 3,80. O dólar recuou mesmo com a informação dada durante a tarde pelo Banco Central (BC),  que reduzirá suas intervenções no mercado cambial, por meio swap cambial. Para a instituição, o atual momento externo permite que o banco reveja suas estratégias de uso do instrumento monetário. Ou seja, até o Banco Central entrou na onda do impeachment.

 
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