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Há novos riscos pra inflação e BC precisa ser vigilante, diz Awazu

27/07/2015 às 11h52

A política monetária está e deverá permanecer vigilante para garantir a convergência da inflação à meta de 4,5% no fim de 2016, reiterou o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Luiz Awazu Pereira, que também apontou nesta sexta-feira “novos riscos” no cenário inflacionário.

Em discurso fechado à imprensa, mas divulgado na página eletrônica do BC, Awazu destacou a necessidade de a autoridade monetária manter uma postura cautelosa. O diretor afirmou que, apesar de “inegáveis resultados positivos, eventos recentes mostram que há novos riscos para o resultado inflacionário de 2016 que podem afetar horizontes de longo prazo”.

Awazu não explicitou quais seriam esses novos riscos. Mas um evento recente com claras implicações inflacionárias é a redução das metas de superávit primário, de 1,1% para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015, por exemplo.

“O BC avalia que o cenário para a convergência da inflação para 4,5% em 2016 tem apresentado sinais positivos mostrando que estamos no caminho certo. No entanto, o progresso obtido até o momento precisa ser balanceado em face de riscos mais recentes que ameaçam nosso objetivo central no horizonte relevante de política monetária”, disse Awazu.

Em função desses novos riscos, explicou o diretor, “é primordial ser vigilante para se certificar que a política monetária reflita o balanço de riscos de agora e permaneça adequadamente calibrada para atingir seu objetivo”, acrescentou.

Awazu também voltou a repetir que o objetivo da política monetária é evitar que o impacto de curto prazo das pressões inflacionárias de 2015 sejam transmitidos para 2016 e para os anos subsequentes. Por essa razão, a política monetária está e deverá permanecer vigilante. Além disso, acrescentou o diretor, os esforços para fortalecer os fundamentos da economia têm de persistir para que o país esteja preparado quando o Federal Reserve (Fed, banco central americano) começar a elevar a taxa de juros dos Estados Unidos.

O diretor do BC notou ainda que o Brasil está passando por um necessário e clássico processo de ajuste, com aperto das políticas monetária e fiscal e realinhamento de preços relativos. Nesse ambiente, a maior contribuição da política monetária para as perspectivas de crescimento é ajudar a consolidar um cenário macroeconômico estável e favorável no longo prazo ao ancorar a inflação na meta.

Ele apontou que esse processo de ajuste visa reduzir desequilíbrios macroeconômicos, como o déficit em conta corrente (que segue acima dos 4% do PIB), reconstruir o “espaço fiscal” utilizado durante o período de resposta contra-cíclica à crise financeira de 2008 e redirecionar a economia para um novo ciclo de crescimento sustentado.

Sem surpresa, comentou Awazu, o processo de ajuste está "cobrando um pedágio" sobre o crescimento de curto prazo. “Estamos observando atentamente esses desenvolvimentos que derivam da nossa política, mas que também foram formados por eventos não econômicos”, acrescentou. O diretor não explicitou quais seriam os eventos não econômicos, mas em outras ocasiões apontou o temor de racionamento de energia e água do começo do ano e os desdobramentos da Operação Lava-Jato entre eles.

Segundo o diretor, como em qualquer processo de ajuste, o momento atual resulta em “sacrifícios para muitos, mas é desenhado para construir uma base sólida para um novo ciclo de crescimento sustentável para todos no Brasil”.

Liquidez

O diretor de Política Econômica do BC observou ainda que o período de excessiva liquidez global levou a um aumento da dívida em moeda estrangeira das empresas, mas, no Brasil, a maioria conta com proteção para essa exposição.

“A fatia atual de dívida denominada em moeda estrangeira é de cerca de 42% do total, mas a maior parte não está realmente exposta a risco cambial”, disse. “Quase toda a dívida corporativa em moeda estrangeira está com companhias hedgeadas contra risco cambial. Elas são grandes exportadores, têm ativos substanciais no exterior ou protegeram sua exposição por meio de derivativos.” Segundo o BC, a dívida que está de fato exposta aos riscos cambiais é equivalente a 7% da dívida corporativa total.

Ainda assim, Awazu acrescentou que o BC é capaz de detectar exposição excessiva de riscos tempestivamente, “deixando espaço suficiente para as medidas adequadas”. “O Brasil tem um sistema bem desenvolvido para registro de operações financeiras e, especialmente, derivativos.”


 

     


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