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Governo aposta em menos consumo de luz, diz setor

12/08/2015 às 11h11

Além de gerar uma economia de tarifa muito pequena, o desligamento de 21 usinas térmicas, anunciado na semana passada, deixará os reservatórios do país em nível desnecessariamente baixo.

Para seis especialistas em energia elétrica e hidrologia ouvidos pela Folha, há consenso de que a atividade econômica em queda torna o risco de desabastecimento ao longo de 2016 quase nulo, já que a demanda vai cair.

No entanto, o corte de 2.000 MW (megawatts) de geração térmica (que tem custos mais altos e eleva a conta paga pelo consumidor) fará com que os reservatórios entrem no verão com nível baixo, de 30%.

Quando houver um recorde de consumo, o acionamento das térmicas desligadas poderá não ser suficiente para suprir a demanda, avaliam os analistas.

O corte anunciado na última semana é de quase 10% da capacidade de produção térmica, em torno de 18 mil MW, e vem em um momento de desaquecimento do consumo.

Na  última segunda-feira (10), a demanda verificada foi de 69,9 mil MW, bem abaixo do recorde de demanda por energia total no país, de 85,7 mil MW, registrado em janeiro de 2014.


 APOSTA

De acordo com a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), ligada o Ministério de Minas e Energia, o consumo deve cair 1,5% esse ano.

A consultoria PSR, por exemplo, prevê queda de ao menos 5%.

"É uma aposta. Não é confortável [reservatórios em 30%], mas não é desesperador justamente pela razão lamentável, que é a paralisação da economia", disse o professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Ildo Sauer.

Para o diretor da consultoria PSR, Luiz Barroso, "qualquer redução de custo é boa, mas não vai ser isso que vai reduzir significativamente o patamar da tarifa".

Ele cita uma questão técnica do setor que faz com que a conta das térmicas mais caras –que são justamente as que estão sendo desligadas– não seja paga somente pelos clientes das distribuidoras.

Ela é dividia com os usuários do mercado livre, como grandes indústrias e centros comerciais.

Segundo o presidente da comercializadora Comerc, Cristopher Vlavianos, o feito aparecerá quando as distribuidoras reajustarem suas tarifas. Até o final deste ano, pelo menos cinco empresas, como Light, CPFL Piratininga e CELG, terão reajustes.

Vlavianos afirma que não haverá redução de preço da energia e sim uma alta menor –de cerca de quatro pontos percentuais a menos.

Ele afirma que serão incorporados nos próximos reajustes a inflação –em julho, o IPCA bateu 9,56% em 12 meses– e, em alguns casos, como das empresas que compram energia de Itaipu, e a alta do dólar.



     


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