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Fintechs poderão vender carteira
Nova regulação poderá permitir que essas empresas operem sem estar ligadas a um banco ou financeira
16/04/2018 às 03h04
Dentro da política do governo de estimular a concessão de empréstimos para movimentar a economia, além da redução das taxas de juros, uma novidade vai sair até o fim do mês: a regulamentação de dois modelos de empresas de tecnologia financeira (fintechs) voltadas à concessão de crédito.
O Jornal Valor Econômico publicou, em sua edição desta segunda-feira (16), que o texto final deve prever que a Sociedade de Crédito Direto (SCD) poderá ofertar financiamentos (com finalidade específica, podendo ter garantia), além de conceder crédito, e também será autorizada a vender suas carteiras.
A informação ainda não é oficial, é uma especulação, mas acredita-se que a regulamentação também vai permitir uma modalidade nova, Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP), no modelo "peer-topeer", aproximando tomadores e aplicadores. As operações, no entanto, estão limitadas a R$ 50 mil por pessoa.
"A proposta de regulamentação é positiva, especialmente para fomentar a competição saudável e abrir espaço para novos entrantes em um mercado muito concentrado", afirmou o diretor da ABFintechs, Diego Perez, em entrevista ao periódico.
Segundo Perez, ao permitir que as SCDs façam financiamentos e venda de carteiras há uma sofisticação na estrutura desse mercado, com participação de empresas que atuam na compra e venda desses recebíveis de crédito. No caso da SEP, o diretor lembra que essas empresas poderão fechar parceria com seguradoras, para ofertar apólices junto com o crédito, como uma forma de dar maior proteção ao investidor.
As empresas não poderão captar recursos com investidores. Elas terão de operar com capital próprio ou com dinheiro de fundos de investimentos nacionais e estrangeiros. A ABFintechs fez proposta, durante audiência pública, para que essas empresas tenham um instrumento simplificado para captação de recursos.
O modelo e os serviços que essas empresas oferecem não são exatamente novos. Mas atualmente as empresas que atuam na concessão de crédito via plataformas eletrônicas necessariamente tem de estar ligadas a uma instituição financeira. São correspondentes bancários, mas em outra plataforma. Agora, a regulação vai permitir que essas empresas operem sem estar ligadas a um banco ou financeira.
Segundo o CEO e fundador da Creditas, Sergio Furio, é importante entender que as instituições que estão sendo reguladas não apresentam riscos sistêmicos, pois não captam recursos do público. Então, a regulação não precisa ser tão estreita.
Pelo projeto, as duas empresas estariam enquadradas no modelo de regulação "S5", o mais simplificado adotado pelo BC e que abarca, por exemplo, cooperativas e instituições de pagamento.
No caso da SCD, lembra Furio, o que estará em jogo é o capital dos próprios sócios do negócio, que são os maiores interessados em ter um modelo de gestão qualificado com adequado dimensionamento de risco. Furio destaca, ainda, que algumas empresas do setor, como a própria Creditas, estão melhor capitalizadas do que outras do mercado tradicional. A Creditas, que oferece financiamento com lastro em automóveis e imóveis, levantou mais de R$ 180 milhões nos últimos meses.
Tanto para Perez quanto para Furio uma das principais vantagens das fintechs é não precisar de estrutura física ou franquias em todo o território para ter capilaridade na oferta de crédito. Segundo Furio, o segredo para haver uma queda do spread não passa pelo juro ou mesmo inadimplência menores. "O motivo é a ineficiência do sistema", diz, lembrando que o custo de distribuição das fintechs é o grande diferencial do setor.
Até cerca de cinco anos atrás, diz Furio, para um banco ter clientes ele tinha de abrir agências em todo o território nacional. Então, para compensar a baixa geração de crédito por agência, o preço do produto, no caso o crédito, tinha de ser muito elevado. Agora a clientela migrou para o celular, descartando a necessidade de agências físicas. "Nesse modelo novo o cliente não quer mais ir para a agência."
Para ler a reportagem do Valor Econômico na íntegra, acesse http://www.valor.com.br/financas/5454383/fintech-de-credito-podera-vender-carteira