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Febraban não vê impacto sistêmico de crise no BTG

11/12/2015 às 10h13


O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, afirmou ontem que não vê nenhum impacto sistêmico da situação envolvendo o BTG Pactual, que teve seu então controlador, André Esteves, preso há cerca de duas semanas. "Não vemos nenhum impacto sistêmico dessa situação", disse o executivo após almoço de fim de ano da Febraban.


"O BTG agiu bastante rápido em termos de governança e de liquidez", disse.


"Temos muita confiança de que vão superar esse momento de dificuldade", afirmou, lembrando que os demais bancos têm apoiado o BTG nesse processo, comprando carteiras de crédito, por exemplo.


O Bradesco, que foi uma das instituições a comprar operações de crédito do BTG, disse que não deve realizar novas compras. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que não está olhando novas aquisições de empréstimos do BTG, mas confirmou a compra de cerca de R$ 1 bilhão em operações na semana passada, conforme informado pelo Valor.


"É uma coisa normal, recorrente, a compra de carteira", disse no evento da Febraban. Trabuco também voltou a negar que o banco tenha interesse em outros ativos do BTG e afirmou que o foco do Bradesco está na aquisição da unidade brasileira do HSBC.


Questionado sobre o imbróglio da Sete Brasil, empresa de sonda do présal que tem o BTG como principal acionista e o Bradesco e outros bancos como credores, disse que os acordos de "standstill", que suspendem o vencimento de operações, ainda estão em vigor e que falta uma decisão da Petrobras a respeito das sondas da companhia.


Embora não tenha citado especificamente o episódio, o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou durante o evento que a rapidez na avaliação de impactos potenciais gerados por episódios de estresse pontual no sistema financeiro é fundamental para evitar que as consequências desses eventos se espalhem pelo sistema como um todo.


"Somos capazes de avaliar rapidamente os impactos potenciais de choques que atinjam o sistema financeiro sejam eles de natureza econômica ou não econômica, de origem externa ou doméstica", disse. "A rapidez na avaliação dos impactos potenciais é fundamental para que tomemos decisões a tempo de evitar que estresses localizados se propaguem pelo Sistema Financeiro Nacional."


O presidente do BC reafirmou que o sistema financeiro brasileiro está bem capitalizado, líquido, com inadimplência controlada e níveis de provisão adequados. "A solidez do nosso sistema será um fator crucial para a recuperação de níveis sustentáveis de crescimento à frente", ponderando que há em curso um processo de desalavancagem das firmas e das famílias. "É muito importante, portanto, que as instituições financeiras estejam sólidas e preparadas para poderem atender ao crescimento da demanda por crédito quando esse cenário se concretizar", disse.


O dirigente da Febraban fez uma avaliação semelhante sobre a solidez do sistema financeiro brasileiro e acredita que uma eventual piora da inadimplência no ano que vem será "administrável". "É provável que vá piorar a inadimplência no ano que vem, mas acredito que é uma situação administrável", afirmou.


Portugal acrescentou que há um problema de demanda por crédito no país, o que provocou uma desaceleração mais intensa do saldo de financiamentos em 2015. "É normal que haja uma desaceleração do crescimento do crédito", disse.



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