A Associação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços ao Consumo (Aneps) inicia no mês que vem o seu programa de certificação para profissionais que atuam na área de crédito. Com a iniciativa, a entidade dá um passo no sentido não só de atender ao novo marco legal do correspondente bancário, atualizado no início do ano, como também de promover a autorregulação. Para tanto, vai criar, paralelamente uma ouvidoria.
A resolução nº 3.954 do BC, publicada no fim de fevereiro, passou a exigir que os integrantes da equipe do correspondente que prestem atendimento em operações de crédito e arrendamento mercantil sejam avaliados por um exame de certificação.
O Instituto Totum, certificador independente credenciado pelo Inmetro, fará a gestão das inscrições e aplicação das provas em todas as capitais brasileiras. A Aneps, detentora do selo de certificação, será respon sável por validar os programas de capacitação em todo o Brasil e de punir eventuais desvios de conduta.
O promotor que não tiver segurança de fazer as provas diretamente pode recorrer ao programa de capacitação desenvolvido pela Fundação Instituto de Administração (FIA) para a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) ou de qualquer outra entidade com o mesmo nível de projeção. A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), que reúne as financeiras também está com um programa de certificação na rua, com suporte técnico do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), do professor Alberto Borges Matias.
A certificação da Aneps vem casada como uma proposta de autorregulação, que poderá cassar a certificação do promotor se identificar algum ato de desacordo com o seu código de ética, explica Luis Carlos Bento, presidente da entidade. "Vamos exceder a exigência da regulação, dar uma resposta à população de que o segmento está preocupado em atuar de maneira disciplinadora para que não ocorram descasos e não se sobrecarregue os Procons e Ministérios Públicos", diz. Do conselho de ética da Aneps fazem parte integrantes da ABBC e da Febraban e serão esses representantes que terão o poder de arbitrar se determinada conduta merece o descredenciamento.
Embora a atividade de correspondentes no país seja recente, com menos de uma década, existem hoje no Brasil cerca de 180 mil pontos que atuam como extensão do atendimento bancário tradicional. As estimativas são de que a quantidade de promotores de crédito supere os de 200 mil e é esse contingente que precisará ser qualificado. A previsão da Aneps é de que o primeiro exame, previsto para julho, conte com cerca de 100 participantes, entre promotores que atuam na captação de clientes para crédito consignado, financiamento de veículos e de crédito imobiliário.
Apesar de o número de pessoas a ser testado não ser desprezível, há tempo para se promover a certificação, considera Bento. O BC determinou um período de três anos, o que quer dizer que o prazo se encerra em março de 2014.
As inscrições para a certificação da Aneps custam R$ 300,00 e se o candidato for reprovado e precisar de uma segunda avaliação, esse custo será de menos do que R$ 100,00 num intervalo de seis meses, explica Fernando Giachini Lopes, diretor do Instituto Totum. A certificação propriamente dita terá validade de um ano e a renovação do registro estará condicionada ao monitoramento da ouvidoria. Em três anos um novo exame será aplicado, trazendo no conteúdo as mudanças na legislação no período.
Valor Econômico - SP Adriana Cotias | De São Paulo 09/06/2011 |