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Entenda por que bons pagadores às vezes não conseguem fazer crediário
Apesar de terem as contas em dia, eles não têm pontuação para ter crédito. Cadastro positivo do consumidor pode ser uma solução para o problema.
Fonte: G1 - 28/12/2016 às 09h12Milhões de brasileiros pagam as contas em dia, estão com o nome limpo, mas enfrentam dificuldades para conseguir financiamento.
Comprar carro à vista é para poucos e não é o caso da empregada doméstica Clarisnei Rodrigues. A família precisava trocar o antigo, procurou financiar um usado e foi em várias agências de carros.
“Ele só falava assim: ‘Score baixo, score baixo, score baixo’. Eu não sabia o que que era. e falei: 'Será que meu nome está sujo?'. Daí, quando eu fui na última agência, o rapaz me explicou”, conta Clarisnei.
Score é uma palavra em inglês que, em bom português, quer dizer pontos. Neste caso, significa pontuação para conseguir crédito. Se o cliente tem carteira assinada, conta pontos. Se tem dívida atrasada, perde. Essa pontuação pode variar pode variar de zero a mil e é usada por bancos e outras instituições financeiras e lojas para calcular o risco de emprestar dinheiro e não levar calote.
Hoje, o Brasil tem 151 milhões de adultos. Segundo a Serasa Experian, 112 milhões têm acesso ao crédito e 39 milhões, não. Desse grupo que não consegue financiamento, 17 milhões estão com o nome sujo, mas os outros 22 milhões não estão na lista dos maus pagadores. Têm o nome limpo e pagam suas contas em dia, mas estão com a pontuação de crédito, o score, lá embaixo, que é o caso da Clarisnei.
Esses 22 milhões de brasileiros estão hoje numa zona cinzenta. Eles podem ser até bons pagadores, mas não há informações suficientes sobre eles e, por isso, na hora de pegar financiamento, o crédito negado.
Um caminho para melhorar a pontuação é fazer um cadastro positivo nas agências de proteção ao crédito. Ele existe desde 2010 e registra o histórico dos pagamentos que o consumidor tem e se estão em dia. Segundo o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, isso poderia acelerar a inclusão desses 22 milhões de brasileiros no mercado de crédito.
“Quanto mais informações dos pagamentos em dia que essa pessoa fez, e são pessoas que fazem, pessoas que pagam suas contas de água, luz, telefone, contas do dia a dia, contas corriqueiras que todo brasileiro paga... Mas a falta dessas informações, no cadastro positivo, faz com que essas pessoas tenham uma pontuação tão baixa, por falta de informação, que elas mereceriam ter o crédito aprovado, infelizmente não conseguem”, diz Luiz Rabi.
O governo federal pretende editar uma medida provisória que prevê a inclusão automática dos consumidores num cadastro positivo e os que não quiserem fazer parte vão poder optar por sair.