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Em meio à crise econômica que atinge o país, cresce o número de idosos inadimplentes - Edison Costa

30/09/2015 às 14h44

De acordo com o SPC, mais de quatro milhões estão com o nome sujo. Especialistas explicam que a alta da inflação e a consequente diminuição do poder de compra contribuem para esse cenário.

Oitenta reais por mês. É com esse valor que a aposentada Irene Brandão, de 68 anos, tem se mantido desde o início do ano. Os atrasos no pagamento da aposentaria dela são frequentes, e a alternativa encontrada foi pedir empréstimos consignados, que acabaram comprometendo ainda mais a renda. Com dificuldades para fechar as contas no fim do mês, Irene não sabe quando conseguirá quitar todas as dívidas contraídas nos últimos seis meses. 

"Tem hora que a gente fica pensando em como vai fazer pra sair dessa. Pra mim conseguir outra renda é muito difícil. Tudo subiu, né? Você vai ao mercado o preço é um, no outro dia é outro. A gente vai pra um lado, pro outro, tenta pesquisar, pra ver se consegue aliviar um pouco. Quando eu vou conseguir colocar a minha cabeça no travesseiro e dizer graças a Deus, minhas dívidas estão pagas?"

A aposentada faz parte do grupo de mais de 4 milhões de idosos endividados no Brasil. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito mostram que a população entre 65 e 94 anos com dívidas atrasadas aumentou 8,56% em agosto, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Foi o maior avanço já registrado pelo SPC para essa faixa etária. A economista-chefe da instituição, Marcela Kawauti, alerta que a maioria dos idosos acaba devendo no cartão de crédito e no cheque especial.

"Geralmente, os mais afetados para todas as faixas estárias são os bancos e cartões, jastamente porque eles são os maiores emprestadores na economia. O problema é que muita gente recorre a cartões de crédito e cheque especial. Os idosos também. E aí as taxas de juros são altíssimas. Vale mais a pena a gente se ajustar no orçamento do que recorrer pra esse tipo de crédito, muito caro".

A pensionista Sidea Lemos, de 60 anos, não consegue acompanhar a fatura do cartão de crédito. Ela trabalhava como cabeleireira antes de sofrer dois tombos e quebrar a bacia. Sem a renda do trabalho, as contas se acumularam em uma dívida que ultrapassa 25 mil reais. 

"Aí eu fiquei devendo cartão de crédito, devendo banco... eu fico desesperada, mas o que eu posso fazer? Quando eu recebo, o dinheiro já acaba. Eu, na verdade, gosto muito é de trabalhar. Mas, diante das circunstâncias...a minha preocupação quando eu deito e levanto é essa dívida que me deixa nervosa. Eu gostaria muito de limpar meu nome".

A alta da inflação e a consequente diminuição do poder de compra contribuem para o crescimento da inadimplência entre idosos. O economista Julio Miragaya explica que, no cenário atual de crise, o custo de vida está mais alto para todos.

"Isso acontece quando você tem um processo inflacionário...quando você tem uma redução da renda real, ou seja, em momentos de crise, com o mercado desaquecido, há dificuldade em se obter reajustes acima do índice de inflação. E isso, evidentemente, pode provocar uma redução parcial da renda".

De acordo com empresários do setor, a procura por crédito consignado tende a aumentar entre idosos em momentos de crise. O presidente da Associação Nacional das Empresas Promotoras de Crédito e Correspondentes, Edison Costa, alerta que é preciso redobrar a atenção e pedir empréstimos apenas em empresas legalizadas, com atenção às taxas de juros e ao tempo de financiamento.

"Quando há uma procura maior sempre aparecem os oportunistas. O que a gente orienta sempre qualquer pessoa candidata a uma operação de crédito, não se entusiasmar com as facilidades, tomar cuidado com quem se fala, procurar sempre um corresponde ou um promotor certificado e tomar cuidado com ofertas de crédito na rua".

Para economistas, ainda não há previsão para que o número de devedores diminua, em especial entre a população idosa. Eles alertam que é necessário estabilizar a economia do país, com foco em conter a alta da inflação e dos preços.


     


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