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Dólar supera R$ 3,97 mesmo com leilão do BC

22/09/2015 às 10h09

As incertezas no cenário político e fiscal no mercado doméstico e o ambiente de menor demanda por ativos de risco no exterior levaram o dólar e os juros futuros a fecharem em nova alta ontem.

A oferta de até US$ 3 bilhões pelo Banco Central por meio de dois leilões de linha de dólar com compromisso de recompra não foi suficiente para aliviar a pressão no câmbio, que voltou a renovar a máxima no ano. O dólar subiu 0,53, encerrando a R$ 3,9797, maior patamar desde 10 de outubro de 2002.

Depois de ter atingido a máxima de R$ 3,9984 ontem pela manhã, a moeda americana reduziu a alta após comentários do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Depois de se reunir com o vice-presidente da República, Michel Temer, Cunha disse que o ideal era que o Congresso não votasse os vetos da presidente Dilma Rousseff, que estava previsto para hoje. Essas medidas implicariam em um aumento de gastos, justamente em um momento em que o governo tenta implementar o ajuste fiscal.

Cunha afirmou que se os vetos fossem votados há duas semanas poderiam ser derrubados, mas que hoje essa chance é menor.

A notícia ajudou a reduzir o movimento de alta do dólar, mas foi insuficiente para anular a valorização da moeda americana, que também é pressionada pelo cenário externo. A incerteza sobre a normalização da política monetária nos Estados Unidos tem sustentado a apreciação do dólar frente às principais divisas emergentes.

No mercado de juros, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 subiu de 15,43% para 15,61%, enquanto o DI para janeiro de 2021 avançou de 15,73% para 15,81%. Já o DI para janeiro de 2016 fechou estável a 14,54%.

Em meio à forte deterioração observada no mercado de títulos prefixados, o Tesouro Nacional realizou ontem um leilão de compra e venda de Notas do Tesouro Nacional série F (NTNF), com o objetivo de dar parâmetro de preços ao mercado. Não foram vendidos títulos, mas foram recomprados 850 mil papéis de três vencimentos: 2021, 2023 e 2025.

Dúvidas sobre a aprovação das medidas fiscais no Congresso e a ameaça de um rebaixamento da nota de crédito do Brasil por uma segunda agência de classificação de risco têm sustentado a valorização do dólar frente ao real e os prêmios de risco na curva de juros.

Após a Standard & Poor's ter rebaixado a nota de crédito do Brasil para grau especulativo, os investidores esperam que movimento semelhante seja realizado pela Fitch Ratings e Moody's.

Para o estrategista de câmbio para mercados emergentes do Brown Brothers Harriman, Ilan Solot, a recente escalada do dólar frente ao real já reflete, em grande parte, o rebaixamento por uma segunda agência. "A questão é política, o mercado deu até uma aliviada recentemente, mas a impressão é que o governo não vai conseguir aprovar a CPMF e a incerteza continua muito elevada, a despeito da boa vontade do governo", diz.

A incerteza sobre o rumo da política fiscal e alta do dólar têm levado a uma piora das projeções de inflação. Segundo o Boletim Focus divulgado ontem, a mediana das projeções para o IPCA em 2016 subiu de 5,64% para 5,70%. Já a previsão para o câmbio passou de R$ 3,70 para R$ 3,86 para o fim de 2015 e de R$ 3,80 para R$ 4 para o fim de 2016.


 






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