Quase metade dos brasileiros com dívida no rotativo do
cartão de crédito, a linha de financiamento mais cara do sistema financeiro,
tem renda mensal de até três salários mínimos (R$ 2.364).
O dado faz parte do Relatório de Inclusão Financeira do Banco Central de 2015,
que mostra o cenário no fim de 2014. O estudo mostra que 45% dos endividados no
rotativo estavam na faixa de até três salário mínimos.
A inadimplência nessa faixa chega a 47%, acima da média de 37% entre todos os
tomadores desse crédito.
Volume de crédito do rotativo Por faixa de renda, em
salários mínimos
Para o BC, o avanço da renda na última década levou grande parte da população a
ter acesso a cartões. "No entanto, muitos consumidores não encontram
equilíbrio no uso do cartão, que ora é um mero instrumento de pagamento, ora um
instrumento de dívida, levando a situações onerosas de endividamento e
inadimplência", diz o estudo.
Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (associação dos
executivos de finanças), diz que o aumento dos juros e o do desemprego neste
ano devem deixar esses consumidores ainda mais endividados no cartão.
Levantamento feito pela associação mostra que a principal destinação do 13º
salário neste ano será para pagamento de dívidas no cartão de crédito. "É
uma boa oportunidade para pagar essas dívidas. Mas não tem de esperar o 13º.
Entrou no rotativo, procure o banco e negocie. "Taxa de inadimplência dos
usuários do rotativo Por faixa de renda, em salários mínimos”
ATRASO A entrada no rotativo, na maioria dos casos, já configura
uma situação de atraso. Essa dívida pode ser originada no pagamento atrasado de
uma fatura ou quando o cliente não consegue quitar o mínimo obrigatório de 15%
do gasto mensal. Quando o atraso supera 90 dias, o cliente se torna
inadimplente.
Os juros do rotativo, que em setembro estavam em mais de 400% ao ano, em média,
também incidem sobre os saques feitos no cartão de crédito. Quando o cliente
paga o mínimo da fatura e parcela o restante, os bancos cobram uma taxa menor,
de 129% ao ano, em média. 11/11/2015 Dívida no rotativo do cartão de crédito sufoca os mais pobres
11/11/2015
Em setembro deste ano, o estoque de dívidas no rotativo
estavam em R$ 32,9 bilhões, 13% maior que um ano antes. Todas as linhas de
financiamento ao consumo cresceram 4% no período.
Junto com o cheque especial, essa linha responde por cerca de 10% do crédito às
famílias. "Essas modalidades, aparentemente pouco expressivas, merecem
atenção especial, pois, apesar de apresentarem custo elevado, são de fácil acesso,
o que facilita o endividamento", diz o relatório do BC.
O estudo mostra ainda que, do total de 56 milhões de tomadores de crédito no
final de 2014, considerando todas as modalidades, 34 milhões estavam na faixa
de renda de até três salários.
10 passos para controlar suas finanças.
1° Por que utilizar o rotativo do cartão de crédito é um problema?
O crédito rotativo tem a taxa mais alta do mercado, segundo o Banco Central. Em
setembro, estava em 414,3% ao ano.
Conforme estimativas do BC, o uso do crédito rotativo durante um ano pode
quintuplicar a dívida.
2° Não consegui pagar o valor integral da fatura, o que devo fazer?
Especialistas em finanças pessoais recomendam que o consumidor negocie com o
banco e contrate uma linha com taxas mais
baratas, como empréstimos pessoais e consignado para quitar a dívida do cartão.
3° Por que as pessoas utilizam o rotativo mesmo com as taxas tão elevadas?
A facilidade é a principal explicação, porque o limite de crédito do cartão é
pré-aprovado. A principal recomendação é não utilizar o cartão de crédito como
uma extensão da renda mensal para evitar extrapolar o orçamento
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