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Disputa amplia prazo do crédito

30/10/2007 às 21h26

jornal Valor Econômico 30/10/2007 - Fernando Travaglini

A forte expansão do mercado de crédito vem acompanhada de grande evolução dos prazos, chegando a patamares inéditos para o financiamento do consumo. Desde agosto, os carros da Ford contam com operações de até 84 meses, feitas pela Finasa, financeira do Bradesco, em parceria com a Ford Credit, ligada à montadora americana. No ano passado, o HSBC foi o primeiro a lançar o prazo de 72 meses para pagar.

Outros bancos de montadoras e de varejo também vêm elevando o número de parcelas em uma disputa acirrada por mercado. Dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) mostram que o prazo médio das operações, que era de 24 meses em 2000, pulou para 42 meses em agosto deste ano, depois de ter ficado praticamente estável em 34 meses entre 2001 e 2004.

"Não me lembro de planos tão longos para o financiamento ao consumo", diz o presidente da Anef, Luiz Montenegro. "Essa expansão dos prazos faz parte de um processo de aprendizado responsável que eu acho que vai se assimilada para chegarmos num prazo ideal", completa, lembrando o caso canadense, em que os prazos máximos são de dois anos. O própria Ford Credit, nos Estados Unidos, oferece no máximo 72 meses.

Essa elevação chega a preocupar alguns bancos. Segundo o diretor comercial do banco GMAC, Gunnar Murillo, a preocupação é estratégica com o mercado de financiamento. "A disponibilidade de crédito é que tem alavancado as vendas de carros, mas a preocupação é até onde pode ir esse endividamento", explica.

"Esse comportamento ainda é desconhecido para os bancos", ressalta Murillo. Além disso, muitas pessoas que nunca tiveram carro ou que nunca compraram carro zero estão sendo "atraídas pela forte oferta de financiamento", completa.

De fato, a demanda por crédito para automóveis tem aumentado fortemente. Até setembro, o saldo das operações de financiamento para pessoas físicas subiu 24%, atingindo o patamar recorde de R$ 76,1 bilhões.

O próprio Murillo ressalta, no entanto, que "a experiência não tem sido ruim" e a tendência é que a concessão continue no mesmo patamar. Ele apenas pensa em novas formas para mitigação do risco. "Se é a prestação baixa que atrai o cliente, por que não fazer com que o cliente troque de carro a cada dois ou três anos, para não ficar com a dívida por tanto tempo", questiona.

A visão otimista com o crédito parece ser unânime. "O crédito para veículos tem muito para crescer", diz o presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Érico Ferreira. "Não vejo nenhum problema e o consumidor não está superendividado", avalia.

Segundo ele, mostra disso é a queda da inadimplência para 3,2% nos últimos doze meses (inferior a agosto de 2006, 3,4%). "Não há problemas de risco para os bancos, já que o veículo continua como garantia, via alienação fiduciária", diz.

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