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Desemprego volta a subir em agosto e total de ocupados sofre maior queda desde 2003
25/09/2015 às 13h24A população empregada nas seis regiões metropolitanas que compõem a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) diminuiu 1,8% em agosto na comparação com igual período do ano passado. Foi a maior queda registrada pelo levantamento, que é realizado desde 2003. No oitavo mês consecutivo de aumento na taxa de desemprego, que passou de 7,5% em julho para 7,6%, a deterioração intensa e contínua do mercado de trabalho neste ano contamina um número cada vez maior de variáveis do indicador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Agosto marcou a maior retração do ano da ocupação no setor de serviços. A queda de 1,2%, de acordo com o dado agregado da LCA Consultores, que une os quatro ramos do setor acompanhados pela pesquisa, foi a terceira do ano, dando sequência às contrações de 0,5% em maio e de 0,7% em junho. "A queda nos serviços é emblemática, já que é o setor que mais emprega no país", diz Fabio Romão, economista da LCA. Ele ressalta, contudo, que os grandes responsáveis pelo forte recuo da ocupação foram construção civil e indústria - com quedas de 6,7% e de 5,6%, no confronto com agosto de 2014 -, dois setores que têm amargado resultados ruins desde o ano passado. A piora do mercado de trabalho também se manifesta no avanço de 2,2% no emprego por conta própria. Diante das quedas de 3,8% e de 4,1% da ocupação nos segmentos formal e informal, respectivamente, esse dado mostra como os trabalhadores têm tentado encontrar alternativas ao volume cada vez menor de vagas disponíveis no mercado, destaca Alberto Ramos, do Goldman Sachs, em relatório. Com a maior restrição de postos de trabalho, a duração média do desemprego aumentou. Entre agosto de 2014 e o mesmo período deste ano, a proporção daqueles desempregados por um período entre 7 e 11 meses avançou de 10,4% para 13% do total. A parcela dos que estavam entre um e dois anos sem serviço passou de 11,2% para 12,5%. A faixa daqueles há mais de dois anos sem emprego cresceu de 6,5% para 7,2%. "Esse é um indicador interessante para observar a intensidade do ajuste que está acontecendo no mercado de trabalho, e que só tende a piorar nos próximos meses", diz Rafael Bacciotti, da Tendências. A consultoria estima queda de 1% na ocupação em 2015, com taxa média de desemprego de 7%, e de 0,7% em 2016, com taxa média de 9%. Nas contas da LCA, o emprego recua 1,1% e 0,3% neste e no próximo ano, com taxas médias de 7% e de 8,4%, nessa ordem. O salário médio também sofreu forte aperto, com queda de 3,5% sobre agosto de 2014, chegando a R$ 2.185,50, e de 2,3% no acumulado do ano. Combinado às demissões, o resultado levou a massa de rendimentos a cair 5,4%, em relação a igual intervalo de 2014. As restrições impostas pela recessão têm levado cada vez mais pessoas a aceitar vagas de menor remuneração, afirma Jacob Rosenbloom, presidente da plataforma Emprego Ligado, especializada nas chamadas "vagas operacionais", com remuneração até R$ 3 mil. "A mão de obra desse segmento está começando a aceitar a nova realidade", diz ele, destacando o aumento de 25% no interesse por posições com salários até R$ 1 mil no primeiro semestre deste ano - até o ano passado, eram as mais difíceis de serem preenchidas. O emprego está mais escasso e precário, resume o coordenador de pesquisas de emprego do IBGE, Cimar Azeredo. Ainda que a desocupação seja maior entre jovens de 18 a 24 anos - passou de 12,9% em agosto de 2014 para 18% no mês passado -, Azeredo chama atenção para o avanço da taxa de 4% para 6,6% no grupo entre 25 e 49 anos. "Isso preocupa, porque essa população pode ser arrimo de família, quem sustenta a casa." O desemprego cresceu em cinco das seis regiões entre julho e agosto. Recife e Salvador continuaram registrando as maiores taxas, 9,8% e 12,4%. Em São Paulo, o índice avançou de 7,9% para 8,1%. O desemprego cresceu para 6,7% em Belo Horizonte e para 6% em Porto Alegre. A desocupação caiu apenas no Rio, de 5,7% para 5,1%. |
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