“A taxa de desocupação aumentou por uma procura intensa de trabalho, sem geração proporcional de vaga. Você tem pressão em cima do mercado, as pessoas estão buscando trabalho e elas não estão conseguindo”, explica.
Havia 8,2 milhões de pessoas de 14 anos ou mais desocupadas no país, na semana em que foi feita a pesquisa, informou o IBGE. "Esta estimativa era de 7,4 milhões no trimestre terminado em fevereiro, apontando aumento de 756 mil pessoas, ou seja, 10,2% que não estavam ocupadas e procuraram trabalho", analisou o IBGE.
“Foi a maior variação [aumento de 18,4% da desocupação no ano] da série [iniciada no primeiro trimestre de 2012] para este período de comparação”, informou o IBGE.
Segundo Cimar Azeredo, o aumento de 10,2% da desocupação, em comparação ao trimestre terminado em fevereiro, também foi o aumento mais intenso do que o observado em anos anteriores para o período analisado.
“Não houve queda da ocupação, mas ela subiu proporcionalmente menos do que subiu a desocupação, o que fez com a taxa se elevasse”, explicou Cimar Azeredo.
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substitui a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente 210 mil domicílios em um trimestre, informou o IBGE.
Por atividade
Por grupamento de atividade, Cimar Azeredo ressaltou que duas atividades merecem destaque na alta do desemprego: agricultura e construção.
“Principalmente construção, que continuou reduzindo nesse vetor mais curto. Na comparação trimestral, reduziu 404 mil pessoas. Na comparação anual, menos 636 mil trabalhadores. A construção representava 8,6% [da população ocupada] e passou a representar 7,9%”. Na comparação anual, a agricultura teve queda de 2,3%, ou 223 mil pessoas a menos.
Ocupação
O nível de ocupação das pessoas com 14 anos ou mais, na semana da pesquisa, foi estimado em 56,2%, uma retração de 0,2% em comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro de 2015. Em um ano, a queda foi de 0,6%. O número de pessoas ocupadas foi estimado em 92,1 milhões, e “foi considerado estável em ambos os trimestres em análise”. Contudo, na comparação anual, o IBGE ressaltou que “foi a menor geração de postos de trabalho da série”.
“Essa queda de 0,6% [diferença entre nível de ocupação de 56,8% em 2014 e 56,2% em 2015] é importante. Mostra evolução da população ocupada inferior ao crescimento da população em idade de trabalhar”, diz Azeredo.
“A população está crescendo, mas a quantidade de emprego que está sendo gerado não está crescendo na mesma proporção, consequentemente, o nível de ocupação vai cair”, explica o coordenador.
População fora da força de trabalho
A população fora da força de trabalho foi estimada em 63,7 milhões, “se mantendo estável na comparação com o trimestre de dezembro a fevereiro de 2015”. Em um ano, esse percentual variou 1,4%.
“Em momento onde você vê esse cenário de redução ou crescimento menor da população não economicamente ativa, ou você vê uma taxa de desocupação maior, rendimento não crescendo, a tendência é as pessoas buscarem o mercado de trabalho até para poder atingir a estabilidade”.
Rendimento
O rendimento médio real habitualmente recebido por mês em todos os trabalhos pelas pessoas ocupadas foi estimado em R$ 1.863, mostrando estabilidade em ambos os trimestres de comparação. “Estável, mas observe que o movimento foi menor ao observado no trimestre anterior de comparação”, apontou o IBGE.
Ainda segundo Cimar, desacelerou o crescimento do rendimento “quando se observa a variação anual registrada de 2013 para 2014, para o período em análise [2014 para 2015]”.
Em comparação com o mesmo trimestre de 2014 (R$ 1.870), o rendimento foi 0,4% menor. Em relação ao trimestre encerrado em fevereiro (R$ 1.877), foi 0,7% inferior.
Por posição na ocupação, frente ao trimestre de dezembro a fevereiro de 2015, os empregados no setor público (inclusive servidor estatutário e militar) apresentaram recuo de 2,2% em seus rendimentos reais, bem como os trabalhadores por conta própria (-3,5%). Frente ao trimestre de março a maio de 2014, apenas os trabalhadores por conta própria sofreram perdas reais em seus rendimentos (-3,5%).
Carteira de trabalho
O coordenador ressaltou ainda que o número de trabalhadores com carteira de trabalho reduziu 708 mil em um ano, ou 1,9%. “Caiu emprego sem carteira também, então, quando você vê essa janela de estabilidade afetada, a tendência de pessoas que antes não estão pressionando mercado, elas tendem a buscar trabalho. Estudantes, donas de casa, diante desse cenário que acaba se desfazendo, tendem a buscar trabalho”, diz. Também houve queda do emprego sem carteira, de 310 mil.
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