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Crise política aprofundou recessão

08/10/2015 às 10h34



O caso de corrupção relacionado a investigações na Petrobrás e a crise política afetaram a confiança na economia, tendo um papel chave no aprofundamento da recessão no Brasil, segundo análise do Fundo Monetário Internacional (FMI).



Em documento divulgado ontem, o FMI diz que uma crise política séria foi provocada, entre outros fatores, pela ampla investigação envolvendo a estatal do petróleo, empresas privadas que prestam serviços a companhia e vários políticos. Outras fontes da turbulência são as "alegações de irregularidades no financiamento da campanha das eleições presidenciais de 2014" e uma "análise do Tribunal de Contas da União (TCU) questionando as contas fiscais do ano passado", avalia o Fundo.



"A interação da crise econômica e política alimentou a incerteza, o que levou a confiança empresarial e do consumidor a mínimas históricas, minando adicionalmente a atividade econômica atual e futura", afirma o Fundo. Na terça­feira, a instituição cortou a estimativa para o PIB brasileiro de uma retração de 1,5% para uma contração de 3% neste ano. Para o ano que vem, o Fundo espera retração de 1%.



Para o FMI, embora fatores externos como a queda dos preços de commodities expliquem parte da contração da atividade, os fatores domésticos são o maior peso sobre a economia. "O Brasil entrou em meados de 2014com grandes desequilíbrios macroeconômicos, por causa do diagnóstico de que a desaceleração desde 2010 havia sido causada pela falta de demanda suficiente", observa o texto.


Com a inflação bem acima da meta do Banco Central, houve uma mudança de políticas "apropriada", para evitar uma crise econômica mais severa, diz o FMI. A instituição cita o aumento dos juros e o ajuste fiscal, para conter pressões inflacionárias e estabilizar a trajetória da dívida pública. Ao mesmo tempo, surgiu uma crise política séria, de acordo com o Fundo. "O Brasil precisa continuar os esforços para a consolidação fiscal de modo a estabilizar a dívida pública, enquanto reduz a inflação elevada", afirma o relatório.



O documento também diz que o enfraquecimento mais recente do real deve dar algum alívio aos setores comercializáveis da economia (influenciados diretamente pelo câmbio). O câmbio mais desvalorizado barateia exportações e encarece importações.


Na divulgação do Panorama Econômico Regional, o diretor para o Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner, disse que no seu cenário central "o sistema político chega a alguns acordos" para restabelecer metas fiscais que apontem para sinais de consolidação fiscal para frente. Isso abriria espaço para o começo de uma recuperação na segunda metade do ano que vem, quando as condições monetárias tendem a estar menos apertadas.

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