Área exclusiva de acesso do associado ANEPS. Para acessar a área restrita da CERTIFICAÇÃO, CLIQUE AQUI

Últimas
Notícias

Correspondente quer virar corretor

18/04/2007 às 21h15

jornal Valor Econômico 17/04/2007 - Ivana Moreira                        

Correspondentes bancários especializados no crédito consignado querem ser
reconhecidos como corretores financeiros. Ao contrário das casas lotéricas e
dos estabelecimentos comerciais conveniados aos bancos, os correspondentes
do consignado não fazem qualquer tipo de movimentação financeira, só atuam
na captação de clientes e na tramitação de documentos para a liberação dos
empréstimos. "São dois trabalhos distintos que não podem ser comparados",
argumenta Edward Magalhães Loures, dono da promotora de vendas Super Money
que atua no segmento há 8 anos.
"O correspondente bancário atua como um posto de atendimento, tem horário de
funcionamento, seus empregados tem jornada de trabalho, mexem com dinheiro e
até correm risco de assaltos", explica o dono da Super Money. "O corretor
financeiro não faz nada disso, como um corretor de imóvel, ele não tem
horário de trabalho, aproveita a oportunidade de fechar um negócio seja que
hora for."
À frente da recém-criada Associação Brasileira de Correspondentes
Bancários - que terá em breve o nome mudado para Associação Brasileira dos
Corretores Financeiros -, Loures apresentará um anteprojeto de lei para
regulamentar o ofício ao deputado mineiro Carlos Willian (PTC), que já se
comprometeu com a causa da nova categoria. O deputado pretende realizar uma
audiência pública na Casa para discutir o assunto.
Os correspondentes bancários do consignado formam hoje um exército sobre o
qual faltam estatísticas no país. A operação explodiu a partir de 2004,
depois que 44 bancos firmaram convênio com o Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS) para oferecer empréstimo com desconto em folha para
aposentados e pensionistas. Nos últimos anos, esses correspondentes chegaram
até as cidades mais isoladas do interior do país, garantindo renda extra
para inúmeras famílias.
Só a promotora de vendas Super Money, que é conveniada a 18 bancos, tem 360
correspondentes ligados a sua estrutura em três Estados (Minas Gerais,
Espírito Santo, Goiás), além do Distrito Federal. Cada correspondente, tem,
em média, seis promotores em campo buscando tomadores de empréstimo. São quase
4 mil pessoas trabalhando para atingir a produção mensal de R$ 12 milhões
para a Super Money.
Segundo dados do Banco Central do ano passado, existem 76,4 mil
correspondentes operando no país. O BC, porém, não sabe informar quantos
deles atuam só com tramitação de documentos. A estimativa do setor é de que
um número perto de 40 mil correspondentes se encaixem nessa categoria. O
que, a grosso modo, leva à estimativa de que essa nova categoria dos
corretores financeiros já conta com cerca de 240 mil profissionais
espalhados pelo país.
Dezesseis bancos com atuação no crédito com desconto em folha mandaram
representantes para um almoço promovido ontem, em Belo Horizonte, pela
associação dos correspondentes. A maioria deles vê com bons olhos a
iniciativa dos correspondentes e acredita que o movimento poderá resultar
numa melhor ordenação do setor, com avanços em discussões sobre o controle
de fraudes, o patamar justo de comissionamento e a fidelidadade dos
correspondentes aos bancos. "Isso vai provocar uma discussão sobre as
mudanças necessárias", aposta o presidente do banco Semear, Élcio Azevedo.
Num filão extremamente disputado, os correspondentes do consignado fecham
com o banco que pagar mais. Para garantir contratos, há bancos pagando até
18% de comissão em empréstimos de 36 meses para beneficiários do INSS.
"Muita gente que não é profissional entrou nesse negócio para ganhar
dinheiro, mas a grande festa já passou, é hora do ajuste do segmento,
sobreviverá os que trabalham com seriedade, comprometidos com a perenidade
da atividade", argumenta Edward Loures. Ele quer que a associação dos
corretores financeiros possa atuar como um órgão de auto-regulamentação
respeitado, a exemplo do que acontece hoje com o Conar, o conselho de
auto-regulamentaçãao da propaganda.
"É preciso regular esse contrato de corretagem financeira, garantindo o
direito à comissão, sua forma de pagamento, as responsabilidades do
corretor", argumenta a advogada Eduarda Cotta Mamede, que assessora a
associação. "Do jeito que está, o corretor pode ser responsabilizado pelo
que acontece na execução do contrato, o que não ocorre com os corretores de
seguros, valores e imóveis."
Com a regulamentação da função de corretor financeiro, os correspondentes do
consignado querem principalmente ficar longe de demandas como equiparação
salarial à categoria dos bancários e pagamento de adicional de segurança,
causas que já começam a chegar aos bancos e às empresas que atuam como suas
parceiras.

Compartilhar no

WhatsApp Facebook Twitter

RECEBA NOSSAS NOVIDADES

Este site usa cookies para fornecer a melhor experiência de navegação para você. Para saber mais, basta visitar nossa Política de Privacidade.
Aceitar cookies Rejeitar cookies