A experiência dos correspondentes bancários começa a despertar o interesse de outras economias emergentes, como o Líbano, a República Dominicana e o Vietnã. Nos dois últimos dias, o Banco Popular do Brasil (BPB) e a Caixa Econômica Federal receberam uma delegação da Índia, país com tradição no microcrédito, mas que está atrás do Brasil na área de tecnologia bancária.
Ontem, o grupo de indianos, que incluía representantes do Banco Central daquele país e de instituições que atuam na área de microfinanças, visitou dois correspondentes do BPB na cidade satélite de Taguatinga, no Distrito Federal. Anteontem, eles haviam assistido a uma detalhada exposição da Caixa sobre o funcionamento dos correspondentes bancários, sobretudo os instalados em casas lotéricas.
Ainda que a indústria de microfinanças na Índia não seja tão forte como em Bangladesh - onde se disseminou graças a experiência do professor Muhammad Yunus, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz -, o país tem bastante experiência na área. Há projetos bem-sucedidos que datam da década de 1970. De forma geral, porém, essa ainda é uma atividade intensiva de mão-de-obra e de baixa produtividade. A maior parte da operações é feita por meio de grupos de auto-ajuda, pequenas associações que reúnem de 10 a 20 pessoas.
"O modelo do BPB é levar serviços bancários à população de baixa renda de forma massificada, com baixos custos operacionais", disse Marcello Lopes Corrêa, gerente de microcrédito do BPB, que acompanhou a comitiva na visita a um correspondente bancário. Os indianos ficaram interessados em saber como a instituição cortou custos fixos e criou sinergias ao instalar correspondentes em lojas comerciais. Também fizeram muitas perguntas sobre a tecnologia de cartões, produtos e comunicações.
Na Caixa, além das loterias, houve muitas perguntas sobre o funcionamento das contas simplificadas, destinadas a clientes de baixa renda. Os indianos quiseram saber como o banco oferece serviços bancários sem cobrar tarifas e pediram detalhes sobre o controle de risco e da inadimplência nas operações operações massificadas de microcrédito.
A tecnologia bancária da Caixa já despertou o interesse de outros países. A instituição mantém um acordo de cooperação técnica com o Líbano, dentro do programa de reconstrução do país, atacado no ano passado por Israel. No caso, o interesse é no sistema automatizado de pagamento de benefícios sociais.
Depois dos ataques de Israel no sul do Líbano, várias regiões do país ficaram isoladas, e eles tiveram dificuldades para fazer os pagamentos dos programas de transferência de renda", explica o gerente nacional de relações internacionais da Caixa, Luiz Felippe Pinheiro Júnior. "Os libaneses planejam instalar um sistema de correspondentes bancários parecido com o do Brasil."
Na República Dominicana, há um programa de distribuição de renda que só atinge um público de 200 mil pessoas, de um público potencial de 2 milhões de pessoas. O país firmou convênio com a Caixa para replicar o sistema de pagamento do Bolsa Família, que atinge 11 milhões de pessoas. Delegações chinesas demonstraram interesse pelo sistema de loterias, administrado pela Caixa. |